São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 1995
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Até fundão paga juro real em janeiro

DA "AGÊNCIA DINHEIRO VIVO"

Até mesmo os FAFs e os fundos de curto prazo pagarão juro real frente ao IPC-r de 1,67% em janeiro. A estimativa da "Agência Dinheiro Vivo" é de que os primeiros mostrarão ganho líquido de 0,59% acima da inflação e, os segundos, de 0,70%.
Esse é o exemplo mais eloquente da política monetária de elevado juro real praticada hoje pelo Banco Central por força dos condicionamentos impostos pelo câmbio.
O BC vem mostrando com medidas práticas, como o alongamento do ACC e a redução do prazo do pagamento antecipado, que não pretende alterar a política cambial de sobrevalorização do real.
A situação deficitária da balança comercial será revertida por meio de um juro real atraente, que induz os exportadores a trocar dólares por reais, e por providências diretas como as da semana passada.
Mas há dúvida se, em fevereiro, o CDI-over conseguirá pagar um juro real da magnitude do 1,7% de janeiro, já que, neste mês, pela expectativa do pregão de DI futuro da BM&F, o CDI acumulará rentabilidade de 3,4%.
Para que se repita em fevereiro o juro real de 1,7%, o IPC-r terá de cair para 1,46%, pois o mercado futuro aposta em variação de 3,18% para o CDI do mês.
Por enquanto, não se vislumbra a possibilidade de recuo do IPC-r, pelo menos nessa proporção, porque o índice, calculado no dia 15 de um mês ao 15 do seguinte, não irá se beneficiar com o fato de fevereiro ser um mês curto.
Mas ninguém espera uma baixa do juro real, se ela ocorrer, para aquém da linha de 1,5% ao mês.
A política monetária do BC continuará apertada, a despeito de dois indícios no sentido contrário: a baixa da taxa-over de janeiro, de 4,47% para 4,45%; e a queda do redutor da TR.
Ao contrário do que se pode supor, a mudança do redutor não visou melhorar a rentabilidade da caderneta de poupança. O redutor cairá porque os juros dos CDBs, a partir dos quais é calculada a TR, também cairão. O efeito sobre o ganho da poupança é nulo.
Os que esperam a manutenção do juro real no patamar de 1,7% ao mês enumeram dois outros fatores: o alongamento do prazo do ACC (seria contraditório ampliar o ACC com o objetivo de estimular a troca de dólares por reais e, ao mesmo tempo, reduzir os juros, cujo efeito é justamente o de inibir tal troca); e a informação do diretor de Política Monetária do BC, Alkimar Moura, de que os compulsórios sobre depósitos à vista e a prazo não serão afrouxados.
A liquidez estreita continua favorecendo os CDBs prefixados. Apesar de nominalmente mais baixo, o CDB continua pagando uma taxa-over superior à do mercado futuro para o mesmo período.
Essa vantagem do CDB prefixado sobre os ativos pós-indexados ao CDI deve durar pelo menos até que o Banco Central afrouxe de vez as regras do compulsório, o que deve demorar.

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