São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 1995
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"Ata-me" é lírico e violento

CÁSSIO CARLOS STARLING

"Ata-me" é um ponto de equilíbrio no cinema de Almodóvar, um cinema que começou radicalmente "sujo" e amador e foi aos poucos se adequando aos parâmetros e expectativas de um público cada vez mais amplo. Aqui, sua disposição subversiva é temperada por um lirismo quase eufórico, mas ainda estamos distantes do relaxo autoparódico dos filmes mais recentes. O que conta em "Ata-me" não é tanto o desejo –motor de toda a sua obra–, mas o afeto. O rapaz que escapa do hospício e a atrizinha que ele sequestra são pobres diabos à margem da sociedade estabelecida. Seu violento e improvável encontro (quase um encontrão) é uma vitória da vida sobre tudo aquilo que a transforma em rotina, solidão e morte.
(JGC)

ATA-ME (Átame). Espanha, 1990, 101 min. Direção: Pedro Almodóvar. Com Victoria Abril, Antonio Banderas, Loles Leon, Francisco Rabal. Na Globo.

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