São Paulo, segunda-feira, 30 de janeiro de 1995
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Efeito México já abala confiança no Real

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO; ANDREW GREENLEES
EDITOR DO PAINEL

ANDREW GREENLEES
As pesquisas de opinião usadas pelo governo federal indicam que, para 39% dos entrevistados, a crise da economia mexicana alterou de algum modo sua confiança no Plano Real. Para 6%, alterou muito; para 11%, alterou; para 22% alterou pouco.
Na sexta-feira, o presidente Fernando Henrique Cardoso, a pedido do governo dos EUA, autorizou um empréstimo de até US$ 500 milhões para ajudar o México em sua crise financeira.
As pesquisas são feitas pela empresa Marketing e Comunicação Institucional Ltda., de Antônio Lavareda –o "bruxo" contratado por FHC durante a campanha presidencial do ano passado.
A MCI tem sido paga pelo PSDB, mas os originais dos relatórios são entregues no Palácio do Planalto, aos auxiliares mais próximos do presidente. O contrato entre o partido e a empresa termina neste mês.
A Folha teve acesso a três relatórios da MCI, datados de 28 de dezembro, 11 de janeiro e 18 de janeiro. Elas são feitas sempre por telefone, com mil entrevistados espalhados por todas as camadas sociais e regiões do país.
Os questionários são amplos e os temas variam de acordo com o momento. O último, por exemplo, avaliou as primeiras medidas tomadas por FHC: 45% gostaram, 12% se disseram indiferentes, 8% não gostaram, e 30% nada sabiam.
Foram feitas perguntas também sobre quais as principais notícias a respeito do governo que saíram na imprensa. As mais lembradas foram o aumento do salário dos deputados –citada por 10% dos entrevistados– e o aumento do salário do presidente: 7% da citações.
Coincidência ou não, na semana passada, o governo veiculou que FHC poderia rever o aumento de seu salário. Por ter sido posterior, esta pesquisa não chegou a avaliar o efeito da anistia ao senador Humberto Lucena (PDMB-PB) e a possibilidade de FHC sancioná-la ou omitir-se a respeito.
O questionário aplicado no último dia 18 inquiria os entrevistados se eles aprovariam a demissão, pelo governo federal, de 60 mil funcionários públicos que não têm estabilidade no emprego.
A aprovação foi de 49%. Um total de 11% respondeu que não aprovaria nem desaprovaria, e 35% disseram que desaprovariam.
Na pesquisa de 11 de janeiro, a MCI perguntou aos entrevistados o que haviam achado do discurso de posse de FHC. Dos ouvidos, 21% acharam ótimo, 49% classificaram-no de bom, 14%, de regular, e só 1%, de ruim.
Ainda sobre o discurso de posse, a pesquisa tentou detectar quais os pontos que mais marcaram os entrevistados. O questionário perguntava se FHC fizera alguma promessa, e, em caso positivo, quais as duas principais.
"Combater a inflação/continuar o Plano Real" e "melhorar a educação/acabar com o analfabetismo" foram os pontos mais lembrados, por 10% e 7% dos entrevistados, respectivamente.

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