São Paulo, segunda-feira, 30 de janeiro de 1995
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Simon e Iris se unem para barrar Sarney

DANIEL BRAMATTI; RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de chegar à Presidência da República sem receber um único voto, o senador José Sarney (PMDB-AP) pode conquistar a presidência do Congresso Nacional com apenas 12 –a maioria absoluta dos integrantes da bancada do PMDB.
Os outros dois candidatos, Pedro Simon (PMDB-RS) e Íris Rezende (PMDB-GO), lutam por um segundo turno na eleição, marcada para amanhã. De acordo com o regimento interno do Senado, a disputa é restrita ao PMDB pelo fato de o partido ter a maior bancada, com 22 integrantes. O vencedor, posteriormente, terá sua escolha referendada pelos 81 integrantes do plenário.
Aliados de Sarney garantem que ele já conta com 12 votos, informação contestada por seus adversários.
"Três ou quatro senadores vão decidir tudo, pois os outros já estão definidos", disse Simon, que tem se empenhado na conquista dos três representantes da Paraíba –Humberto Lucena, Ronaldo Cunha Lima e Ney Suassuna.
Inicialmente vistos como aliados de Sarney, os três resolveram reavaliar sua posição depois que o ex-presidente faltou à votação do projeto de anistia a Lucena.
Simon votou a favor do projeto e fez questão de dizer a Lucena que teve de enfrentar pressões de eleitores e críticas da imprensa.
Para acalmar a rebelião dos paraibanos, Sarney orientou seus aliados na Câmara –capitaneados pelo deputado Sarney Filho (PFL-MA)– a trabalhar pela aprovação da anistia na Câmara.
Aguarda-se para hoje o anúncio do voto dos representantes da Paraíba devem anunciar oficialmente sua decisão –que pode ser influenciada pelo governador Antônio Mariz, um aliado de Simon.
Se houver um segundo turno, Simon e Íris vão se aliar para enfrentar Sarney e evitar que ele amplie sua influência no partido.
A aliança, porém, não assegura a transferência automática dos votos de um e de outro. "Só posso falar por mim, não controlo meus eleitores", disse Iris na última quinta-feira.
Na sexta-feira, Sarney passou o dia fazendo contatos para tentar ampliar sua base de apoio. Pela manhã, recebeu em seu gabinete o senador eleito Casildo Maldaner (SC), tido como eleitor de Simon.
O encontro, porém, não lhe rendeu mais um voto. À tarde, Maldaner acompanhou o senador gaúcho em uma entrevista coletiva marcada por críticas a Sarney.
Na entrevista, Simon também reclamou das indicações do PFL para a composição da futura Mesa –Júlio Campos (MT) para a 2ª vice-presidência e Odacir Soares (RO) para a 1ª secretaria.

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