São Paulo, segunda-feira, 30 de janeiro de 1995
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Carnaval sem folia

CIDA SANTOS

Ok, já está tudo combinado. Este ano, mais uma vez, não tem Carnaval. O time do Nossa Caixa/Suzano vai passar todos os dias da folia concentrado em um hotel e treinando.
Os jogadores não reclamam. Eles já conhecem o esquema do técnico Ricardo Navajas: trabalho em tempo integral.
A fórmula tem dado certo: o time é tricampeão paulista e tenta agora o tri brasileiro consecutivo.
A equipe é a única que chega a treinar três vezes por dia. Jogadores como Janelson e Kid –responsáveis pelo passe– fazem 1.500 recepções por semana nos treinamentos. Sabe lá o que é isso? Uma média de mais de 200 por dia.
Outro detalhe: os treinos são fechados. Jornalista, mulher de jogador, fã, ninguém pode entrar.
A ordem é evitar tudo que possa desconcentrar os atletas. Também por isso, raramente há coletivos –jogos entre titulares e reservas– nos treinos. Navajas acha coletivo algo um tanto "largado".
Em busca da concentração total, o técnico prefere aplicar o "ataque positivo". É um treino de exaustivas repetições da jogada.
No início, os atletas têm sete minutos para fazer cinco jogadas por rede. Esse tempo vai diminuindo para cinco, três e dois minutos. É bola para todo lado. Não dá tempo para combinar as jogadas. E o ataque tem que sair certo. Vale então a concentração.
Nos treinos e nos jogos, Navajas grita e xinga. A idéia é deixar o jogador ligado o tempo todo e aumentar a sua autocrítica.
Não à toa, o técnico do Suzano é um homem de poucos elogios. Logo depois de uma vitória, ele já é capaz de apontar e cobrar os erros dos seus atletas.
Essa exigência, Navajas aplica também a ele. Quer um exemplo? Há oito dias, o Suzano venceu o até então invicto Palmeiras por 3 a 0 e foi campeão do primeiro turno. Perfeito? Para Navajas, não.
A vitória não bastou. No mesmo dia assistiu pela televisão o videoteipe do jogo. Não satisfeito, em seguida reviu a partida no vídeo, numa minuciosa busca das falhas. Concluiu que errou. Poderia ter feito mais substituições.
Se no início os métodos de Navajas espantavam alguns jogadores, hoje os que vão para o time sabem o que terão pela frente.
Pampa, em seu primeiro ano no time, já mudou para Suzano. Diz que praticamente não tem vida social, vê a mulher apenas três vezes por semana e não reclama. Fala que nesta temporada colocou um objetivo na cabeça: ser campeão.

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