São Paulo, segunda-feira, 30 de janeiro de 1995
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Em férias, rachadores assustam turistas

MARIANA SCALZO
DA ENVIADA ESPECIAL A MARESIAS

Uma boa e uma má notícia. A boa, para quem fica em São Paulo nas férias, é que acontece uma pequena diminuição no número de rachas da cidade. A má, para quem vai para o litoral, é que a velocidade desce a serra.
Claúdio, 20 (nome fictício), tem amigos que não participaram do pega na av. Tajurás (zona sul) há duas sextas-feiras porque estavam no litoral. "Lá, não há rachas com hora e local marcados. Os pegas são informais."
As corridas acontecem, em geral, nos pontos mais perigosos: nas avenidas próximas a bares e restaurantes, que ficam lotados.
Vanessa Menezes Carvas, 19, que tem trabalho de verão em Maresias (veja reportagem à página 6-6) diz que se sente em São Paulo. "Você vem descansar e esses corredores não estão nem aí. Eles não se importam com quem está andando de patins e bicleta. Não sei se querem fazer tipo, mas são um perigo."
O estudante de direito Gérson Bertholini, 25, frequentador de Maresias, se irrita com os corredores. Ele acha que só quem não conhece a praia se acelera. "É um perigo. A avenida fica cheia. Nam tem como correr."
O aumento do número de multas por excesso e velocidade já aponta a maneira irresponsável de dirigir. Nos dias de Natal, a Polícia Rodoviária aplicou 180 multas por dias, na rodovia dos Tamoios. Em épocas normais, o número é de 80.
Desde dezembro, foram aplicadas cerca de 17 mil multas. Nesse período, houve 1.170 acidentes, com 38 mortes. Das 12 estradas fiscalizadas, oito são litorâneas ou dão acesso ao litoral.
O policiamento é reforçado. O soldado Roberto Silva, 25, é um dos reforços, deslocado de São Paulo. Mais do que ninguém Roberto reclama dos corredores.
"A gente trabalha muito nesta época e folgas são raras." Ele trabalha, pelo menos, 12 horas por plantão. "Praia, nem pensar", diz da cabine da polícia onde fica alojado.
Segundo ele, as pessoas abusam da velocidade e pouca gente se lembra que a Rio-Santos tem trechos de perímetro urbano.
Carlos Alberto Infante, corretor imobiliário em Maresias, acha um absurdo o que os motoristas fazem. "A moçada passa voando. Ninguém se preocupa se existem crianças, ciclistas ou gente andando".

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