São Paulo, terça-feira, 31 de janeiro de 1995
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A teia vai engolir a rede

MARIA ERCILIA

Se você ainda não entendeu direito o que é Internet, não vai terminar 1995 ileso. Este é o ano em que o Brasil deve entrar de forma profissional no mapa da maior rede de computadores do mundo: a Embratel promete comercializar acesso a ela a partir de maio.
Por enquanto, dá para ter um gostinho da mãe de todas as redes –você tem duas possibilidades: a) ser aluno de uma universidade pública. A maioria cede contas em computadores com acesso à Internet aos alunos. b) assinar um BBS que dá acesso ao e-mail (leia texto abaixo) da Internet.
Com e-mail já dá para tirar uma casquinha da rede, e participar de uma comunidade de cerca de 25 milhões de usuários, que cresceu mais de 100% no ano passado. Pense nisso: nunca tantos se comunicaram com tão pouco esforço.
Todas as armas desta revolução já estavam aí: o computador pessoal, o telefone, e a peça que liga os dois, o modem. A faísca que a disparou foi a campanha de Bill Clinton à presidência, que martelou nos ouvidos dos EUA as palavras "information superhighway" (super-rodovia da informação, a rede de cabos óticos que está sendo implantada nos EUA para melhorar as telecomunicações).
Passada a primeira euforia, chegam os tubarões para arrancar dinheiro da rede, até ontem um pacífico emaranhado de computadores subsidiado por governos e institutos de pesquisa. Bill Gates, dono e deus da Microsoft, não fala em outra coisa. Este mês anunciou a MSN (Microsoft Network), que terá conexão com a Internet. Claro que o software da rede já vem embutido no Windows 95.
Os interneteiros veteranos torcem o nariz para Gates e para tudo o que cheire a cartel. Vai ser uma briga e tanto.
Enquanto isso, a paisagem da rede se altera radicalmente. Nada se espalha tão rápido hoje na Internet como a World Wide Web (Teia de Alcance Mundial).
Esta teia de hipertexto conquista os usuários pela facilidade de navegação. Através de cliques do mouse em imagens ou palavras, você vai pulando de computador em computador sem nem sentir.
A melhor parte é que a WWW permite som e imagem em tempo real, ao contrário do resto da Internet, que é puro texto. Para ter acesso à porção multimídia da WWW, é necessário um programa que suporte as transmissões de imagem e som, como o Mosaic, e uma conexão SLIP (serial line Internet protocol) com a Internet.
Esta é a parte complicada: nem universidades fornecem este acesso no Brasil. Há alguns remedinhos para este problema. Até agora, o que melhor funciona é o TIA (The Internet Adapter), que funciona como interface gráfica para a WWW a partir de acesso do tipo "shell". Para saber tudo sobre o TIA, mande e-mail para tia-info marketplace.com.
A Web pode fazer pela Internet o que o Windows fez pelo PC: a interface gráfica da Microsoft foi o tijolo que faltava para transformar o computador em utensílio doméstico tão familiar quanto o telefone.

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