São Paulo, segunda-feira, 2 de outubro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Desaquecimento chegou ao limite, diz FHC

JOAQUIM FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem em São Paulo que a fase de transição do Plano Real terminou e fez um apelo por mais investimentos.
``O desaquecimento (redução da atividade produtiva) da economia chegou ao seu limite", disse.
FHC não confirmou a possibilidade de o Banco Central ampliar os prazos de consórcio de 6 para 50 meses. Afirmou que é um assunto exclusivo do BC.
No entanto, admitiu a necessidade de equilibrar a economia, não permitindo a explosão da demanda nem o crescimento do desemprego.
``Se não há consórcio, aumenta o desemprego; se há, aumenta a demanda. Então, temos de encontrar o ponto de equilíbrio", disse.
A queda de popularidade do real -de 72% no início do plano para 68% hoje, conforme pesquisa publicada ontem pela Folha- é uma mostra de que a população está satisfeita e que continua apoiando o governo, disse o presidente.
``Esse percentual de 4% é desprezível depois de 14 meses da nova moeda. É um claro indício de que o apoio ao governo está elevado", afirmou.
FHC negou que o país passa por uma recessão e disse que os protestos de empresários vêm daqueles que não fizeram investimentos no momento oportuno e foram surpreendidos pelos juros altos.
``O crescimento da economia está entre 5% e 6%, portanto, os empresários não podem dizer que há recessão a não ser por interesses pessoais", disse.
Segundo o presidente, o Brasil está em um ritmo de crescimento forte e que a preocupação do governo é mantê-lo estável.
Afirmou que o governo já tomou as medidas necessárias, como a liberação do compulsório dos bancos e a redução das taxas de juros.
``O horizonte está bastante positivo e não adiante vir com `fracassomania' que aqui não tem."
O presidente disse que não é obrigação do governo corrigir baixos salários da população e que eles só serão melhores se houver aumento de produtividade.
FHC passou o dia em seu apartamento em Higienópolis, região central de São Paulo. Por volta das 13h, passeou com o neto Pedro, 2, que estava vestido com um uniforme militar.
À tarde, FHC viajou para o Rio. Chegou à Base Aérea do Galeão (na Ilha do Governador) às 17h02 e foi para o Palácio Laranjeiras (zona sul), onde se hospedou.
Segundo a secretária de imprensa da Presidência da República, Ana Tavares, FHC iria jantar na casa do filho, Paulo Henrique Cardoso, em São Conrado.
Fernando Henrique chegou ao Palácio Laranjeiras às 17h45 sem a companhia da primeira-dama, Ruth Cardoso. Os dois se separaram na Base Aérea do Galeão.
Ruth Cardoso foi para o bairro do Jardim Botânico participar de encontro preparatório à primeira reunião do conselho do programa Comunidade Solidária, que será realizada hoje.
FHC abre no Rio a Conferência Internacional de Siderurgia. Em seguida embarca para Curitiba (PR), onde participa de conferência de habitação da ONU.
O presidente vai ainda a Navegantes (SC) inaugurar uma estrada, voltando a Brasília no final da tarde.

Colaborou a Sucursal do Rio

Texto Anterior: Bancários vão aceitar proposta salarial
Próximo Texto: 'Verba não significa nada'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.