São Paulo, segunda-feira, 2 de outubro de 1995
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Real aumenta consumo de alimentos

NELSON BLECHER
DA REPORTAGEM LOCAL

A manutenção da estabilidade econômica elevará o consumo per capita de diversas categorias de produtos no mercado brasileiro, segundo projeções da indústria.
Em relatório enviado à matriz, na Itália, a Parmalat do Brasil prevê crescimento ``histórico" de 10% no consumo de leite por habitante -hoje de 40 litros anuais- nos próximos dois anos. O consumo do brasileiro é inferior ao do colombiano (73 litros), do argentino (210) e do uruguaio (200).
Outros produtos terão expansão ainda maior. Álvaro Novaes, diretor de marketing, prevê alta de até 20% no consumo per capita de sucos sobre os atuais quatro litros anuais.
Incremento mais expressivo é esperado no segmento de iogurtes e bebidas lácteas, cujo consumo per capita de três litros anuais deve saltar de 20% a 30% até 97.
Previsões otimistas são formuladas também pelo setor de carnes industrializadas. Com a estabilidade, as vendas de aves devem crescer de 10% a 12%, no mínimo, nos próximos anos, diz Antonio Zambelli, diretor da Perdigão.
O consumo per capita de frango cresceu 129% em uma década e atingiu 19,3 quilos em 94. Graças à demanda impulsiva ocorrida em 95, ele prevê que, nesse item, o nível de consumo do brasileiro alcançará o do espanhol (24 quilos).
``É enorme o potencial no setor de alimentos, que deverá crescer em ritmo mais acelerado que o da economia", concorda Francis Liu, diretor da consultoria Booz Allen.
Segundo Liu, a estabilidade possibilita fixar no mercado consumidores da classe C, até então classificados como ``eventuais".
``Basta verificar que, após o Real, praticamente duplicaram os volumes físicos de vendas de chocolates, balas e sucrilhos, entre outras categorias", constata.
Estudo da Booz Allen aponta que correlação entre renda per capita e consumo de calorias diárias por habitante atinge 3.700 nos EUA e 3.200 no Brasil.
``A curva de consumo de alimentos de origem animal só começa a declinar, substituída pela de vegetais, quando a renda per capita alcança US$ 12 mil anuais, mais de três vezes superior à dos brasileiros", diz Liu.
O contingente de baixa renda (classes C, D e E), que ocupa a imensa maioria dos 79,8% lares urbanos, ainda responde por somente 36% dos US$ 235 bilhões consumidos em bens e serviços este ano, segundo levantamento da Target Pesquisas.
Os gastos do brasileiro com alimentação, informa a consultoria, elevaram-se de 17,3% em 83 para 22,7% neste ano.
Nesse período, despesas com artigos de higiene declinaram de 2,4% para 1,8%, em razão da entrada de importados, que provocou queda de preços. Pesquisa da Nielsen revela que o consumo individual de desodorante na França e em Portugal é, respectivamente, 65% e 88% superior ao do Brasil.

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sobre o consumo do brasileiro à pág. 5

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