São Paulo, segunda-feira, 2 de outubro de 1995
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Palmeiras vence com as armas do rival

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O mais curioso é que o Palmeiras venceu o Grêmio ontem, no Parque Antarctica, com folga no marcador, com as armas desse seu recente e feroz rival: o contragolpe. Talvez, por estar fora do páreo, na qualidade de livre-atirador, o Grêmio veio a São Paulo seduzido pela idéia de que poderia pregar uma peça no Palestra.
E se transfigurou em campo: de humilde, modesto e disciplinado guerreiro, atirou-se de peito aberto sobre a área inimiga. Pimba, um contra-ataque rápido pela esquerda, o cruzamento exato de Muller para a cabeçada de Edílson, e eis o Palmeiras com a vantagem que pediu a Deus. E assim foi até o final.
No segundo tempo, mais duas pontadas e mais dois gols de Rivaldo. Isso sem que o Palmeiras brilhasse, nem mesmo impusesse sua técnica mais refinada.
Na verdade, nem precisou.

E o São Paulo, que parecia estar à deriva, vai-se reaprumando. No meio de semana passou, com certa folga, pelo Olimpia, lá, pela Supercopa sul-americana, e, no sábado, manteve ainda uma vaga esperança de classificação no Campeonato Brasileiro, ao vencer o Criciúma, também na casa do inimigo, por 1 a 0.
Contra o Olimpia, teve um primeiro tempo primoroso, quando poderia até impingir uma goleada ao adversário, graças, sobretudo, às exuberantes exibições do vovô Cerezo e do menino Denílson.
Duas gerações, nos extremos limites: Cerezo, beirando os 40; Denílson, mal roçando os 18 anos de idade.
Embora distintos em quase tudo, posto que um é destro e o outro, canhoto; um é mais defensivo e o outro, mais ofensivo; ambos se encontraram numa zona do futebol reservada àqueles jogadores considerados indispensáveis: é onde reinam o talento e a rara capacidade da multiplicação em campo.
Cerezo é, ao mesmo tempo, um pouco zagueiro, um pouco médio, um pouco meia. Denílson, é médio, meia e ponta-esquerda. Os dois cumprem essas múltiplas funções com vigor, personalidade, rapidez e habilidade. Claro que o menino muito tem a aprender com o vovô, mas, tudo indica, haverá de seguir seus passos.
Acontece que nenhum dos dois jogou sábado, contra Criciúma, e o tricolor deu claros sinais de que se ressentiu disso.
A dinâmica que Cerezo oferece à saída de bola da defesa ao ataque, através de passes rápidos e precisos, emperrou na sucessão de chutões e passes errados. E a contundência que Denílson confere ao lado esquerdo de seu ataque reduziu-se a quase zero, principalmente quando Alexandre, seu substituto, esteve por ali.
Quando trocou de lado com Juninho, Alexandre cresceu tanto que o gol da vitória caiu-lhe como um prêmio.

Quem não consegue avançar um passo em direção à recuperação é o Corinthians, que, nesse mesmo sábado, perdeu, em Mogi das Cruzes, para o Juventude, embora, no segundo tempo, depois da entrada de Souza, a equipe desse sinais de regeneração.
Estava na cara que a saída de Bernardo e Viola daquele time campeão haveria de causar embaraços ao técnico Eduardo Amorim. Mas ninguém esperava que fossem tantos.

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