São Paulo, segunda-feira, 2 de outubro de 1995 |
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Gaúcho diz que pichou 39 mil vezes
LÉO GERCHMANN
O gaúcho Sérgio José Toniolo acha que a pichação de paredes é o ``jeito de o oprimido se fazer ouvir". ``O muro é de todos", diz. O pichador já foi preso quatro vezes e internado em hospícios outras três. Diz que comprou mais de 1.300 tubos de tinta spray desde 1982, quando começou a pichar. Como faz 30 pichações com um tubo, Toniolo já deixou sua marca cerca de 39 mil vezes. Por isso, tentou ser incluído no livro ``Guinness" dos recordes como o pichador mais ativo do mundo. Agência Folha - Como você começou a fazer pichações? Sérgio José Toniolo - Eu era escrivão da polícia. Em 82, fui aposentado como louco por ter criticado o chefe de polícia. Com o meu afastamento da polícia, começaram a surgir propostas para eu entrar na política. Até o Tancredo Neves me mandou um telegrama. Eu me candidatei a deputado estadual, mas sumiram com a minha ficha de filiação. Sem outra alternativa, passei a pichar em Petrópolis (bairro de classe média em Porto Alegre). Comecei a distribuir spray para a gurizada. Distribuía também giz e pincel atômico. Agência Folha - Qual foi a sua pichação mais ousada? Toniolo - Eu fiz a primeira pichação do mundo com hora marcada. Em 84, avisei pela imprensa que eu ia pichar o Palácio Piratini (sede do governo estadual) às 17h do dia 17 de janeiro. Ninguém acreditou. O policiamento pensou que eu iria lá 15 minutos antes ou depois da hora marcada. Cheguei ao Piratini e reparei que os policiais tinham uma foto minha muito antiga. Nela, eu ainda tinha cabelo. Me aproveitei disso e furei o bloqueio exatamente às 17h, dizendo ``boa tarde meu filho" para um dos policiais, que pensou que eu era um padre. Quando foram ver, eu já estava escrevendo o meu nome na parede do palácio. Fui preso por isso, é claro. Texto Anterior: Pichador usou dez sprays por noite Próximo Texto: O VOCABULÁRIO DA PICHAÇÃO Índice |
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