São Paulo, segunda-feira, 2 de outubro de 1995
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Denise Fraga foge da imagem de gaiata

DANIELA ROCHA
EDITORA-ASSISTENTE DA ILUSTRADA

Peça: A Quarta Estação
Texto: Israel Horovitz
Direção: Fauzi Arap
Elenco: Denise Fraga e Juca de Oliveira
Quando: pré-estréia quarta-feira, às 21h; de qui a sáb, às 21h, dom, às 17h Onde: Teatro Cultura Artística (r. Nestor Pestana, 196, centro, tel. 011/258-3616)
Ingresso: R$ 20 (qui e sex) e R$ 25 (sáb e dom)

A atriz Denise Fraga caiu nas graças dos veteranos Juca de Oliveira e Fauzi Arap. Depois de viver a hilária empregada doméstica Olympia, de ``Trair e Coçar... É Só Começar" por seis anos e meio (1.600 apresentações), ela assumiu um novo projeto em teatro. Nesta quarta-feira, Denise e Juca estréiam ``A Quarta Estação", texto do norte-americano Israel Horovitz, sob direção de Fauzi Arap. ``Ganhei de presente dois mestres", diz.
Ela interpreta a governanta Catarina, contratada por um velho professor aposentado e solitário (Juca) para cuidar dele em seus últimos meses de vida.
Denise se defende quando qualquer comparação entre Olympia e Catarina é feita porque ambas são empregadas. ``Esta peça é mais realista e Catarina não tem nada a ver com a Olympia."
Desta vez, ela colocou de lado a comédia e o grande elenco e adotou um papel com força dramática. ``O texto é poético, faz mais chorar do que rir". Ela entrou neste projeto com o espírito aberto, ``com uma boa timidez". Queria ouvir os mestres e aprender com eles. Guardou por um tempo sua face comediante ao assumir ``A Quarta Estação". ``Tenho muita tristeza para contar. Não sou uma gaiata por natureza."
``A Quarta Estação" é uma peça com estado de tensão constante. ``Este é um trabalho em terreno tênue; como água, você não consegue pegar com a mão. Tudo nele vai depender da atuação. É um trapézio sem rede de proteção, sem truques."
Deslumbrada com ``os mestres", ela declara que Juca é a pessoa mais encantadora que já conheceu nos últimos tempos e que Fauzi é um mago do teatro. ``Neles está a história do teatro."
Mesmo assim, ela afirma categórica que não busca repetir o fenômeno de ``Trair e Coçar". ``Estou em pânico, mas preparada para contar uma história diferente. Saí de uma situação confortável, que era o sucesso da Olympia, para procurar desconforto."
Aos 30 anos, ela está tateando um caminho em sua carreira para descobrir que tipo de atriz é e para onde deve seguir.
``O mais legal em ser ator é poder percorrer opostos. Tenho necessidade de ser outros, muitos. Uma vida só não basta. Tenho sensação de que minha vida deveria ser maior em horas. Não cabe toda a volúpia nessa vida."
``A Quarta Estação" é a 16ª peça de Denise Fraga. Foi um parto para ela sair de ``Trair e Coçar". Mas fez isso para não estagnar. ``O que mais me interessa é o ofício, o bordadinho que vou tecendo aos poucos. Tinha que fazer coisas diferentes."
Atualmente interpretando o papel de uma florista cega na novela ``Sangue do Meu Sangue", no SBT, sua relação com a televisão só é boa por que desenvolve lá instantaneidade e eficácia como atriz. Ainda assim, a TV é um exercício de frustração para ela. ``O poder de imaginação é mais fértil do que a execução em TV. Leio uma cena pensando como se fosse de roteiro de cinema americano e o resultado na tela não é nada disso. Ainda não caí na real." Por isso, Denise sempre fez TV sem deixar de fazer teatro.
O cinema também não está descartado. Em 96, estréia o segundo longa com a sua participação: ``Lembranças do Futuro", de Flávio de Souza. ``O cinema tem um lado sagrado como o teatro. Cada olhar tem que ser o olhar. Cada gesto, o gesto."

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