São Paulo, terça-feira, 3 de outubro de 1995
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Crise faz área do algodão diminuir no Estado do PR

JOSÉ ALBERTO GONÇALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A área do algodão no Paraná, maior produtor nacional da cultura, deve voltar a cair.
Estimativa da Ocepar (Organização das Cooperativas do PR) aponta queda de 14% na área, que deve somar 240 mil hectares (ha) na safra 95/96, cujo plantio está começando.
Se o clima ajudar, a produção poderá atingir 445 mil toneladas (t) de algodão em caroço (153 mil t de pluma), 10% inferior à colheita passada (495 mil t de produto em caroço e 170 mil t de pluma).
Segundo Flávio Turra, agrônomo da Ocepar, o alto custo da lavoura, o endividamento e os obstáculos colocados pelo BB (Banco do Brasil) à concessão de crédito desanimaram os produtores.
Pressionaram para cima os custos a mão-de-obra, que, diz Turra, representou até um terço do preço do algodão na última safra, e as aplicações de agrotóxicos.
Na última colheita, a indústria exigiu mais qualidade do produto.
Isso obrigou o bóia-fria a colher com mais cuidado. Como o tempo de colheita foi alongado, o bóia-fria elevou o valor de seu serviço, a fim de não perder renda.
Também influiu na alta dos custos o aumento das aplicações de agrotóxicos contra o bicudo, praga que ampliou sua presença no Paraná nos últimos quatro anos.
``Não esperávamos essa queda, porque o mercado foi melhor para o algodão do que para o milho na safra passada", diz Turra.
Na região de Campo Mourão, oeste do Estado, o plantio deve cair entre 10% e 15% em relação aos 52 mil ha semeados em 94.
A previsão é de André Colevat, agrônomo da Coamo (Cooperativa Agromourãoense).
Na área de ação da Cocamar (cooperativa de Maringá), no noroeste do Paraná, a redução será de pelo menos 10%, segundo Marino Hideo Akabane, presidente da Unicampo, uma consultoria agronômica de Maringá.
A área da cultura na safra 94/95 somou 48 mil ha.
Boa parte dos produtores da região é arrendatária, que não conseguem empréstimos do BB (Banco do Brasil) para comprar insumos como adubo e agrotóxicos.
O Banco do Brasil está exigindo que o proprietário da terra avalize o empréstimo do arrendatário.
Mas, em função da crise no campo, nem os proprietários nem as cooperativas querem avalizar os financiamentos dos produtores.
O custo da lavoura na região é estimado em R$ 569/ha, ou R$ 4,74/arroba de 15 kg para o agricultor que obtiver rendimento médio de 120 arrobas/ha.
O valor representa alta de 23% em relação ao custo da safra passada, de acordo com a Unicampo.

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