São Paulo, terça-feira, 3 de outubro de 1995
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França testa bomba para submarino

VINICIUS TORRES FREIRE
DE PARIS

A bomba nuclear que a França testou anteontem no atol de Fangataufa (Pacífico Sul) vai equipar a nova frota de submarinos franceses, que começa a ser lançada ao mar no ano que vem.
O poder de fogo dos novos submarinos será capaz de destruir 350 cidades do tamanho de São Paulo.
A ogiva testada, a TN-75, que ficou pronta em 1992, é seis vezes mais possante que a de Hiroshima.
O custo total do programa de submarinos com mísseis nucleares é de cerca de US$ 25 bilhões.
O teste de anteontem é o segundo de uma série de seis ou sete que a França pretende realizar até maio de 1996 nos atóis de Mururoa e Fangataufa (Polinésia Francesa).
A atitude francesa de continuar a explodir as bombas suscitou protestos em todo o mundo, especialmente na Nova Zelândia, na Austrália, no Japão e nos Estados Unidos, tal como ocorreu depois da primeira experiência, realizada no dia 5 de setembro.
Os 16 países do Fórum do Pacífico Sul anunciaram que estavam rompendo relações diplomáticas com a França.
Os EUA ``lamentaram" a nova explosão, e os australianos e neozelandeses voltaram a dizer que a França ``ri e ignora a opinião pública mundial".
O Japão foi o único país a tomar uma atitude um tanto diferenciada -e também firme- em relação ao protesto anterior.
O primeiro-ministro japonês, Tomiichi Murayama, disse que seu país vai estudar ``medidas concretas" contra os testes.
O primeiro-ministro francês, Alain Juppé, disse ontem que a França vai continuar os testes, de acordo com o previsto.
O grupo ambientalista Greenpeace, que comandava uma frota de protesto junto aos atóis, se limitou a lançar um comunicado contra a nova explosão.
Como quatro dos navios da organização ambientalista foram apreendidos pela Marinha francesa nos últimos dois meses, não houve grandes protestos junto ao atol.
Em Papeete (capital da Polinésia Francesa), onde o primeiro teste nuclear provocou manifestações violentas, saques e a destruição do aeroporto local, também não houve manifestações.
O policiamento foi reforçado por 800 homens, e os líderes políticos independentistas da ilha, que incitaram as últimas manifestações, pediram calma à população.
A França deve explodir as próximas bombas em intervalos de um mês. Os próximos testes devem recolher mais dados para o programa francês de simulação de explosões e para checar a confiabilidade do arsenal existente.

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