São Paulo, quarta-feira, 4 de outubro de 1995
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Francesa leva abuso sexual com mão leve

FERNANDA SCALZO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma terapia familiar é algo duro de assistir. Uma terapia familiar para dirimir a dúvida sobre um possível abuso do pai com a filha de onze anos é mais duro ainda.
Em ``A Sombra da Dúvida", o espectador passa por isso. Mas a direção leve de Aline Isserman permite que o filme seja mais fácil de digerir.
O grande mérito da diretora francesa é tratar tudo com mão leve. Nenhuma cena chega a ser tão pesada quanto o próprio tema.
O filme é um libelo contra o abuso infantil. Alexandrine (a excelente Sandrine Blancke) ficou anoréxica e apática depois que seu pai começou a obrigá-la a ter relações com ele. Sua mãe, lotada por seus próprios problemas, prefere não ver nada. Alexandrine não dorme de medo do pai.
É primeiro uma professora e depois uma educadora do serviço social (Josiane Balasko) que vão insistir para que Alexandrine acredite em sua própria história. Até a menina ganhar confiança para enfrentar o pai, passa por toda a opressão que cerca e, na maioria das vezes, paralisa os casos de abuso sexual infantil.
Isserman reforça o lado fantasioso e imaginativo da personalidade de Alexandrine, que se sente personagem de um mundo mágico e sórdido. Didática, a diretora quer discutir antes de mais nada a necessidade e a dificuldade dos adultos em acreditar na palavra de uma criança. Só assim os casos de abuso sexual infantil vêm à tona.

Vídeo: A Sombra da Dúvida
Produção: França, 1993
Direção: Aline Isserman
Com: Sandrine Blancke, Alain Bashung, Mireille Perrier, Josiane Balasko
Lançamento: Look Filmes (tel. 011/575-6996)

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