São Paulo, quinta-feira, 5 de outubro de 1995
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Entenda a confusão da dívida na privatização

FERNANDO RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

Agosto e Setembro - Operadores do mercado espalharam que o governo estaria prestes a recomprar a dívida do país. Governo não desmente e cotação sobe.
29.set - Malan e Loyola anunciam que títulos da dívida poderiam ser utilizados pelo seu valor de face em futuras negociações, sem o deságio padrão de 25%. Os papéis da dívida fecham o mês com valorização de até 11,07%. No mesmo dia, a diretora Elena Landau, do BNDES e subordinada a José Serra, disse que as privatizações só aceitariam dinheiro vivo após a venda da Light.
2.out - Landau afirma ter havido um problema de comunicação entre os ministérios e diz que a decisão final fica com o Conselho Nacional de Desestatização.
3.out - Serra informa que não teria sido comunicado da decisão por estar fora do país. Mas afirma concordar, em princípio, que os títulos da dívida sejam aceitos sem deságio, exceto no caso da Vale.

As dúvidas
Não ficaram esclarecidos uma série de pontos nesse episódio.
Por exemplo, por que uma decisão tão importante como essa foi anunciada pela Fazenda e pelo Banco Central sem completa ciência do Planejamento?
Também não se sabe o nível de sigilo da decisão. Se houve vazamento, alguém pode ter sido beneficiado. Os títulos da dívida brasileira sobem por vários motivos. Mas, certamente, a possibilidade de usar esses papéis sem o deságio os valorizaram.
Finalmente, entre as dúvidas mais importantes, por que o governo não anuncia logo de uma vez todas as vendas de empresas nas quais se aceitará títulos da dívida sem deságio?
Mesmo que existam divergências sobre usar ou não os títulos sem deságio, o anúncio com antecedência das empresas em que se aceitaria essa condição tornaria a operação mais transparente.

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