São Paulo, quinta-feira, 5 de outubro de 1995 |
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Igreja de 1763 é reaberta na cidade histórica de Mariana
CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
A solenidade marca a restauração do conjunto arquitetônico da praça João Pinheiro, um dos mais belos do barroco mineiro, formado ainda pela igreja de Nossa Senhora do Carmo, reaberta em julho. O barroco foi um estilo das produções artística e literárias que predominou entre o século 17 e o início do 19 no Brasil. A restauração da igreja de São Francisco de Assis -fechada há um ano- foi feita com recursos da CVRD (Companhia Vale do Rio Doce), que doou R$ 154 mil. O dinheiro foi utilizado também na restauração da capela de Santana, na mesma cidade (veja texto ao lado). A construção da igreja de São Francisco, iniciada em 1763 e concluída três décadas depois, teve a participação dos dois maiores artistas do barroco mineiro. O escultor Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, criou os entalhes em pedra-sabão da fachada e o pintor Manuel da Costa Ataíde fez duas telas sobre a agonia e a morte de São Francisco. Como era costume na época, Ataíde, devoto de São Francisco, foi sepultado sob o assoalho da igreja, no túmulo número 94, e seu construtor, o mestre-de-obras José Pereira Arouca, no túmulo número um. O principal objeto da restauração foi a nave central da igreja. A pintura do forro, atribuída ao pintor do século 18 Francisco Xavier Carneiro, estava danificada pela infiltração de água de chuva e pela ação de cupins. Segundo o restaurador Charles Coelho, parte da película da pintura original teve de ser removida da madeira apodrecida e transposta para novas tábuas que revestem o forro. A pintura recuperada mostra o dilúvio bíblico e a Arca de Noé em sua parte central. Nos quatro cantos laterais, há retratos de quatro dos papas dos século 18. O telhado da capela-mor desabou na década de 70 e esteve coberto com uma lona até ser recuperado provisoriamente pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) no início dos anos 80. Desta vez, o telhado da igreja teve a estrutura totalmente reconstruída de forma artesanal. Segundo Coelho, a estrutura não precisará de reformas nos próximos 300 anos. Também foi instalado um sistema elétrico em tubos à prova de fogo e utilizados filtros e lâmpadas especiais para evitar danos às obras de arte. Esse tipo de preocupação vem ganhando destaque em Minas, principalmente após o incêndio, -atribuído a um curto-circuito- em julho, do casarão onde nasceu Tancredo Neves, em São João Del-Rei (MG). Texto Anterior: Motel checa placa de carro Próximo Texto: Lojistas cortam crédito para servidores em AL Índice |
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