São Paulo, quinta-feira, 5 de outubro de 1995 |
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Violência seduz na Inglaterra
SÉRGIO KRASELIS
A missão do quarteto: descobrir o foco da violência que aumenta a cada dia nas torcidas, organizadas ou não. Um deles, porém, vai tão longe na missão que se transforma em ``hooligan", termo criado na Inglaterra para designar os torcedores violentos e arruaceiros. Eis, em linhas gerais, a trama do filme ``Fúria nas Arquibancadas", uma co-produção anglo-alemã dirigida pelo britânico Philip Davis. No momento em que se discute a violência no futebol brasileiro, nada mais oportuno que o lançamento, em vídeo, de ``Fúria nas Arquibancadas" para estimular o debate e que deverá estar à disposição do público nas locadoras a partir do próximo dia 15. A história se passa na Inglaterra, mas poderia acontecer em qualquer outro país onde o futebol ultrapassa os limites de ser admirado apenas como esporte. O fio condutor da narrativa é interpretado pelo policial John Brandon (o ator Reece Dinsdale). Antes de receber a tarefa de seus superiores, John faz o protótipo dos outros profissionais de sua área: buscar, não importa por que meios, ascender na carreira e, acima de tudo, viver tranquilo em sua casa classe média ao lado da jovem e bonita mulher. Mais ambicioso do que os seus colegas, John passa a frequentar os bares dos subúrbios de Shadwell e se finge torcedor do time de mesmo nome. Avesso à bebida, passa a ingerir doses tão excessivas de álcool que provocaria pânico nos Alcoólicos Anônimos. John, que antes da missão não sabia nada sobre futebol, torna-se um expert no tema. Leva tão a sério sua nova identidade que passa a gostar da vida de ``hooligan". E, ao invés de descobrir o foco de violência, passa a adotá-la como uma nova filosofia de vida. Psicologismos à parte, o diretor Philip Davis tenta, sem muito sucesso, colocar em xeque não só o sistema policial inglês, bem como os motivos que levam um bando de rapazes bastante crescidinhos a beber até as últimas consequências e praticar atos de vandalismo pelo simples prazer que isto possa lhe provocar. Davis acerta, no entanto, ao atingir o estômago do espectador com cenas de violência não só nas arquibancadas bem como nas ruas, arquitetadas por malfeitores que desconhecem o significado da racionalidade. A chegada dos Cães, como se autodenominam os torcedores do Shadwell, a uma cidade de um time rival para acompanhar um jogo decisivo é cercada de suspense. Travestidos de gladiadores modernos, os dois grupos de torcedores conduzem a rivalidade de fora para dentro do estádio, sob o olhar complacente da polícia, que prefere lavar as mãos a interferir na baderna. É exatamente este o ponto de conversão do policial John Brandon no ``hooligan" John. Em sua visão, não há diferença entre policiais e torcedores. Ambos os lados são frutos da mesma sociedade. John escolhe o seu e é sintomático que diga isso ao espectador logo no início do filme. Ao interrogar um suspeito de furto, diz: ``Meu nome é John. Eu posso ser bem legal e posso ser uma praga. Você escolhe"... Título: ``Fúria nas Arquibancadas". Direção: Philip Davis. Elenco: Reece Dinsdale, Richard Graham, Claire Skinner, Sean Pertwee, Saskia Reeves, e outros. Produção: Inglaterra/Alemanha, 1994. Lançamento: Mundial Filmes. Duração: 105 minutos. Texto Anterior: Silva mostra preocupação com prêmios Próximo Texto: Prost pode voltar à F-1 como mestre de iniciantes Índice |
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