São Paulo, quinta-feira, 5 de outubro de 1995
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Paralamas traz `Vamo Batê Lata' a SP

MARCEL PLASSE
ESPECIAL PARA A FOLHA

Show: Paralamas do Sucesso
Onde: Olympia (r. Clélia, 1.517, Lapa, tel. 011/864-7333 e 011/252-6255)
Quando: de hoje a domingo, a partir das 20h
Preço: R$ 20 (pista) a R$ 40 (camarote)

Fazia tempo que Paralamas do Sucesso não chamava tanta atenção. Um caso de censura durante um show em Brasília, uma polêmica no Congresso, dois recentes discos de platina (mais de 500 mil cópias vendidas) e uma música liderando as paradas de Brasil e Argentina não é pouco barulho.
``É uma pergunta que eu me faço", diz o guitarrista e vocalista Herbert Vianna, 34. ``Talvez não tenha existido outra banda no Brasil com uma trajetória como a nossa, na duração, estabilidade, nível de sucesso e a conquistar alguma coisa fora do país".
Depois de 13 anos, Paralamas vive seu momento de maior popularidade. ``Nunca trabalhei tanto na minha vida", garante Herbert. Ele falou à Folha anteontem, por telefone, do Rio.
Paralamas apresenta-se de hoje a domingo no Olympia, com o repertório de seu último álbum, ``Vamo Batê Lata".

Folha - A polêmica em torno da música ``Luiz Inácio (300 Picaretas)" tocou no quê?
Herbert Vianna - No fato de um congressista tomar uma atitude arbitrária quando ninguém pensava que isso ainda pudesse existir -e que partisse do Congresso que tinha livrado o Brasil da censura com a Constituição de 1988.
Havia pequenos indícios dessa tendência. A censura da obra da Bia Lessa, no Rio, os rumores da volta de uma salinha para analisar a TV, em Brasília, a Hebe censurada pelo seu próprio canal de televisão... A música catalisou tudo.
Folha - Agora, no interior de Minas, a música ``Vira Vira", do Mamonas Assassinas, foi censurada. Você acredita que a censura voltou?
Herbert - Fico surpreso. Depois do que aconteceu com a gente, pensei que isso tinha mudado.
Folha - Por que Paralamas ficou tanto tempo sem ter um sucesso como ``Uma Brasileira"?
Herbert - Talvez, se essa canção estivesse num dos discos anteriores, não tivesse acontecido da mesma maneira. Quando gravamos as quatro músicas novas que acompanham nosso disco, ``Uma Brasileira" era só a terceira opção para ser trabalhada.
Folha - Há dois anos, quando começou o movimento de volta às raízes no pop brasileiro, contra bandas que cantavam em inglês, Paralamas era tido como marco da brasilidade. Mas ``Uma Brasileira" mistura participação de Djavan com refrão em inglês. O que isso significa?
Herbert - A gente vai dando algumas voltas na direção que a gente quer. Quando a gente lançou ``Selvagem", levou várias pauladas no rock. Amigos da gente falavam mal do nosso trabalho. Agora, praticamente tudo o que é feito tem dados misturados.
Folha - Como você está lidando com o fato de envelhecer numa banda?
Herbert - Temia que fosse pior. Estou ficando careca, usando chapéu. Mas a gente não tem medo de acabar decadente, tocando para poucas pessoas. Parece que foi ontem que a gente ia para São Paulo de carro, tocar no Rose Bom-Bom, e ficar todos no mesmo quarto de hotel. Não estou planejando acabar a banda tão cedo, no auge, só para terminar melhor a minha biografia.

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