São Paulo, quinta-feira, 5 de outubro de 1995
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PORTUGAL

JOSÉ GERALDO COUTO
ENVIADO ESPECIAL A PORTUGAL

Todos conhecem a piada do português que, ao ouvir dois brasileiros conversando, pergunta: ``Que raio de língua é essa que eu entendo tudo, mas não entendo nada?"
Um brasileiro em Portugal sente mais ou menos a mesma coisa, uma impressão ao mesmo tempo de familiaridade e estranhamento, como se estivesse diante de uma versão diferente de si próprio.
A vertigem é ainda mais intensa hoje, quando Portugal, integrando-se na Comunidade Européia, vê-se, como nós, numa encruzilhada entre a tradição e a modernidade.
Numa cidade como Lisboa você percebe a cada esquina o choque entre as raízes provincianas e a vocação cosmopolita desse povo que conquistou o mundo, criou uma rica cultura e, depois, voltou para a roça.
Após séculos de melancolia, gastos a olhar obsessiva e nostalgicamente para seu passado de glórias, os portugueses parecem estar olhando também para o futuro. O país se informatiza, se ``internetiza", se sintoniza com as tendências da vida internacional.
Por enquanto, Lisboa está equilibrando bem esse impulso renovador com a preservação da alma calorosa de seus habitantes, assim como a música do grupo Madredeus equilibra vanguarda e tradição.
Por isso Lisboa é hoje uma das mais charmosas cidades européias, que atrai cada vez mais turistas e cineastas, artistas e homens de negócios. Essa Lisboa que concilia a dor de corno do fado e a arte moderna da Fundação Gulbenkian é, por enquanto, uma esperança para nós e para o mundo -a de que é possível progredir sem perder a própria cara.

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Sobre Portugal nas págs. 6-2 a 6-8 e 6-25 a 6-28

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