São Paulo, sexta-feira, 6 de outubro de 1995
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Três mil assistem ao enterro do fundador da TFP

DA REPORTAGEM LOCAL

Com toda pompa e circunstância, foi enterrado, ontem à tarde, Plínio Corrêa de Oliveira, o fundador da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), entidade católica ultraconservadora.
As cerimônias fúnebres começaram às 11h, com uma missa de corpo presente, na Igreja da Consolação (região central de São Paulo), oficiada pelo cônego José Luiz Marinho Villac.
Não se viram personalidades conhecidas nem na missa nem no enterro, à exceção dos príncipes d. Luiz e d. Bertrand de Orleans e Bragança, que estiveram presentes nas duas ocasiões.
A missa, rezada em latim, durou duas horas e foi acompanhada por cerca de mil pessoas. Dezenas de estandartes vermelhos, todos com tarjas pretas, da TFP, dispostos em círculo e em alas dentro da igreja, deram um ar imponente à cerimônia.
O coro da TPF entoou cantos gregorianos e de autores renascentistas. Ajudaram a missa, com uma coreografia de traços marciais, alguns integrantes da TFP. Trajavam túnica branca, escapulário marrom com a cruz de São Tiago e calçavam botas de montaria.
O caixão foi levado em uma caminhonete com sirene de volta à sede social da TFP, uma casa na esquina das ruas Itacolomi e Maranhão, no bairro de Higienópolis (região central de São Paulo).
O cortejo fúnebre, que fez a pé o trajeto de pouco mais de um quilômetro da casa até o cemitério da Consolação, atraiu a atenção dos vizinhos, que apareciam nas janelas, e de quem passava na rua.
``Com o fim do comunismo, a TFP perdeu um pouco de sua essência, de seu significado", comentou o advogado e pecuarista Sérgio Zani, 55, parado na calçada. ``Dr. Plínio foi um líder, um católico incomparável, um santo", exclamou o professor Augusto Vítor Florestano, 48, que trazia um terço na mão, como a maioria dos integrantes da TFP.
Policiais que interromperam o trânsito em uma das faixas da pista de subida da avenida Consolação calcularam em 3.000 o número de participantes do cortejo.
O corpo do fundador da TFP foi levado sobre os ombros de oito de seus seguidores. Durante todo o trajeto, ouviram-se hinos religiosos, em latim, francês e português, e brados de ``Pelo Brasil, Tradição, Família, Propriedade". Os nomes do fundador da TFP e de sua mãe, Lucília, foram várias vezes aclamados.
O corpo de Plínio Corrêa de Oliveira baixou ao jazigo da família, de granito escuro, às 17h40, após uma longa saudação feita em jogral por três de seus seguidores.

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