São Paulo, sexta-feira, 6 de outubro de 1995
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Ed Motta apresenta sua mistura soul e MPB

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

Artista: Ed Motta
Onde: Teatro Transamérica (av. das Nações Unidas, 18.591, tel. 011/5214468)
Quando: sexta e sábado, às 21h30, domingo, às 20h
Quanto: R$ 30 (R$ 50, com jantar)

Depois de seis meses nos EUA, Ed Motta, 24, volta ao Brasil enamorado pela MPB. No show que faz em São Paulo, o cantor divide sua voz grave entre a nova paixão e a velha -a soul music.
``Eu não ouvia os autores nacionais, mas antes tarde do que nunca", diz ele.
O resultado é um repertório que convive sem traumas com Stevie Wonder (``Ribbon in The Sky") e Djavan (``Samurai").
``Fui para os EUA com a certeza de que gostava de música americana. Voltei apaixonado pela MPB, que é uma música altamente complexa e popular", diz.
Na verdade, antes de partir para os EUA, o cantor já esboçava um flerte com a MPB. Há cerca de dois anos Ed começou a ``expandir os horizontes musicais", como gosta de dizer. O início foi com o violonista Guinga.
``Li nos jornais que o Guinga tinha uma harmonia interessante e fui ouvir", conta. Pouco depois, Ed tocou ``Bancarrota Blues" no songbook de Edu Lobo, justamente com Guinga.
Acabou descobrindo elementos que o fascinaram na MPB: a complexidade e a riqueza harmônica e melódica.
``A primeira coisa que fiz quando do voltei foi comprar entrar numa loja e comprar CDs nacionais. Tenho tudo do Chico, do Tom e do Edu Lobo", diz. Passou a ouvir de tudo. De Radamés Gnatalli a Wilson Simonal.
``Estou ouvindo Cartola, que eu não conhecia. Estou maravilhado. É muito melhor do que (o bluesman) Sonny Boy Williamson, que eu sempre gostei", compara.
Baião com tabasco
Nos últimos meses, Ed meteu a mão na massa da composição. Algumas ele mostra no show: um choro sem nome e a instrumental ``Baião de Dois com Tabasco", que sintetiza a ponte que ele quer fazer entre suas influências.
Além da música, Ed continua fiel a duas outras paixões: quadrinhos e cinema -nessa ordem.
E não precisa muito para que esses assuntos sejam incorporados de alguma forma à sua música.
No show, ele toca a instrumental ``Cinemascope" e ``Slumberland"-essa, uma homenagem ao quadrinista Winson McKay, criador de Little Nemo e pioneiro do desenho animado. Ed vai aproveitar para cantar músicas de outros compositores, coisa que nunca tinha feito.
Mas ele promete tocar seus maiores sucessos, como ``Manuel" e ``Vamos Dançar", ambas da época do Conexão Japeri.
A banda que acompanha Ed traz Délia Ficher (piano), João Castilho (guitarra), Renato Massa (bateria) e Bombom (baixo) -parceiro de Ed no Conexão Japeri.
Mesa de som É uma banda bem diferente da que o acompanhou na gravação do último álbum. A viagem para os EUA foi para fazer um disco independente para o mercado europeu pela Costa Este -uma pequena gravadora italiana.
Com músicas em inglês, e ainda inacabado, o álbum conta com músicos de primeiro time. A bateria foi ocupada por Steve Ferrone, que tocou com Eric Clapton e Tom Petty; e por Bernard Purdle, que acompanhava os contratados da gravadora Atlantic -como Aretha Franklin.
Purdle tocou com um dos grupos prediletos de Ed, o Steely Dan. Além disso, o disco foi gravado no estúdio Riversound, onde o Steely Dan fez alguns álbuns.
Um detalhe: a mesa de som tinha pertencido a Motown -a mais famosa gravadora de soul.
Ed reconhece que foi difícil segurar a onda de fã. ``Nos primeiros dias eu fiquei sem ar", conta.
Mesmo sem estar pronto o disco para o mercado europeu, Ed já pensa em retomar a carreira fonográfica no Brasil -onde tem quatro discos entre trabalhos solos e a Conexão Japeri.
E já vai avisando: ``Estou com sede de tocar no rádio. Estourar no Brasil inteiro e ganhar dinheiro".
O som é o ponto de condensação entre ``soul, funk, pop e sotaque brasileiro". Apesar de estar sem gravadora, ele prepara uma demo. Já está compondo material com Zélia Duncan, Paulinho Moska e Ronaldo Bastos. Na maioria das vezes, ele faz a música.
``Tenho vontade de contar histórias, mas não tenho poética ainda", diz.

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