São Paulo, sábado, 7 de outubro de 1995
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Incra promete assentar mil famílias já no Pontal

DA REPORTAGEM LOCAL

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) espera assentar mil famílias de sem-terra no prazo de um mês na região do Pontal do Paranapanema, em São Paulo.
A meta foi estabelecida em reunião ontem, na capital paulista, entre Francisco Graziano Neto (presidente do Incra) e Belisário dos Santos Júnior (secretário de Justiça do governo de São Paulo).
Segunda-feira, fazendeiros que ocupam terras públicas no Pontal do Paranapanema terão reunião na Secretaria da Justiça para a arbitragem do valor das benfeitorias que serão deixadas nas propriedades.
As quatro fazendas que serão entregues quase que imediatamente às famílias de sem-terra são as seguintes: Canaã, Arco-Íris, Haroldina e Santa Apolônia.
O trabalho de peritagem para avaliação das benfeitorias será iniciado também na segunda-feira. Pelos dados da Secretaria da Justiça, as quatro fazendas totalizam uma área de 10 mil hectares.
Outras dez, que somam uma área de 13 mil hectares, também serão alvo de negociações com o Incra e o Estado.
Num prazo de seis meses, o governo paulista espera assentar as outras mil famílias de sem-terra que reivindicam lotes no Pontal do Paranapanema.
``Estamos fazendo uma reforma agrária por consenso, e a radicalização não levará a nada", afirmou Graziano. O presidente do Incra não quis revelar o valor que será destinado para assentar as famílias. ``Nós já temos os recursos e títulos da dívida agrária", desconversou Graziano.
O presidente do Incra insistiu em que o processo no Pontal só foi apressado porque está havendo um entendimento entre governo, trabalhadores e proprietários ou ocupantes das terras.
``Em não mais que trinta dias nós entregaremos um lote de terra ao Zé Rainha, que tanto luta pela posse da terra", brincou Graziano, referindo-se a José Rainha, líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) na região do Pontal do Paranapanema.
Graziano disse que não concorda com o MST, que reivindicou a demissão de superintendentes do Incra. No entender da entidade, os superintendentes não têm compromisso com a reforma agrária.
``Quero o MST como parceiro, mas quem decide sobre os superintendentes sou eu", afirmou. Graziano convocou uma entrevista para terça-feira, em Brasília, para rebater ``inverdades" do MST sobre o número de famílias assentadas pelo governo FHC.
O secretário Belisário advertiu o MST. ``Novas invasões, se ocorrerem, vão dificultar um processo que está sendo bem-sucedido", declarou.

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