São Paulo, domingo, 8 de outubro de 1995 |
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BC ``congela" dólar desde maio
LUIZ ANTONIO CINTRA
A paridade entre as duas moedas tem se mantido praticamente constante, em termos reais, desde o final de maio. Ou seja, descontando-se a inflação nos dois países, quase não há variação. É essa a conclusão de estudo realizado pela consultoria MB Associados (veja gráfico ao lado). No caso do real, foi descontada a inflação do período, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). No caso do dólar, foi usado como deflator o índice anual de 6%. Segundo o estudo, que tem início na semana anterior à criação do sistema de bandas, depois de se valorizar -em termos reais-, o real passa a se desvalorizar frente ao dólar e volta praticamente ao mesmo nível de março. E é na relação real entre as duas moedas que está o divisor de águas de economistas para a indagação: é preciso acelerar o ritmo de desvalorização do real? O economista e ex-ministro do Planejamento Mário Henrique Simonsen é categórico: ``Não, porque a balança comercial vai bem. Não há por que mexer no câmbio". Para Simonsen, os superávits comerciais -exportação maiores que importações- vão continuar ocorrendo. O ex-ministro considera que ``não é científico" levar em conta, para se chegar à paridade real entre as duas moedas, o índice de preços ao consumidor. ``Você incorpora a variação dos aluguéis e dos serviços, por exemplo, que não têm nada a ver com os custos dos exportadores." O economista e professor da Unicamp Luiz Gonzaga Belluzzo discorda e acredita que o IPC é o índice que deve ser levado em conta nesse tipo de cálculo. ``Essa é uma discussão antiga. O melhor é usar o IPC, que serve de referência, entre outras coisas, para os salários", afirma. O principal problema da atual política de câmbio, avalia, é que ela gera ``enormes distorções nos preços do mercado interno". Porém, tanto Simonsen quanto Belluzzo concordam em um ponto: caso o ritmo das desvalorizações do real frente à moeda norte-americana seja excessivo, o resultado é a volta da inflação. LEIA MAIS sobre câmbio na pág. 2-3 Próximo Texto: Ligeira queda; Calote recorde; Avaliando os riscos; Questão de ordem; Fora do páreo; Primeiros passos; Na aposta; Cautela mineira; Outro cenário; Nova avaliação; Troca de comando; Questão de fundo; Peso pesado; No cartão Índice |
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