São Paulo, domingo, 8 de outubro de 1995
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PUC-RS quer formar pilotos com novo perfil

LUÍS PEREZ
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE (RS)

Curso superior para candidatos a uma vaga de piloto de avião já é um pré-requisito comum. Não são comuns cursos específicos para a formação de pilotos, como o que existe agora na PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul).
O curso de ciências aeronáuticas, criado por meio de um convênio entre a Varig e a PUC-RS, tem como objetivo principal formar pilotos com visão gerencial.
Daqui a dois anos, quando a primeira turma deverá estar formada, a Varig só aceitará pilotos que tenham feito o curso.
``Sem dúvida é uma tendência que está ocorrendo no mundo inteiro. Acreditamos estar colocando no mercado o que há de melhor", afirma Maria Regina de Moraes Xausa, 35, diretora do Instituto de Ciências Aeronáuticas.
Segundo ela, as transformações econômicas e sociais, incluindo a globalização (integração de vários mercados), exigem cada vez mais de um comandante de avião.
``Há aeronaves em projeto com capacidade para 900 passageiros e autonomia de 24 horas de vôo. Você está carregando quase uma empresa de grande porte", afirma.
``A quantidade de conflitos e decisões é enorme. É o comandante quem toma essas decisões. Não basta saber fazer, precisa também saber atuar sob pressão."
O mercado para pilotos está aquecido, segundo os coordenadores do curso. A Rio-Sul, companhia regional ligada à Varig, por exemplo, está em expansão.
``A tendência é de que o mercado cresça", afirma Claudio Roberto Scherer, 53, professor de técnicas de pilotagem de jato e gerente de treinamento da Varig.
``Quando os primeiros pilotos formados pela universidade ficarem prontos, o mercado vai constatar a qualidade e o preparo.".
``Eles vão ser tranquilamente absorvidos pelas empresas. A grande diferença vai ser a percepção que o piloto terá da empresa como um todo", afirma.
O curso começou em março do ano passado e o vestibular acontece semestralmente (veja informações no quadro ao lado). A duração é de quatro anos -pode ser diminuído em breve para três.
São oferecidas 80 vagas por ano -20 a mais do que quando o curso foi criado.
Para cursar ciências aeronáuticas, é preciso ter licença de PP (Piloto Privado), com 40 horas de vôo. Durante a graduação, o estudante completa a parte prática de PC (Piloto Comercial), em qualquer aeroclube.
Quando termina o curso de PC, vai para a Evaer (Escola Varig de Aeronáutica) para fazer treinamento avançado, onde se forma em pilotagem de jato. De lá sai para a companhia que quiser.
Segundo Urbano dos Santos, 54, coordenador de treinamento da Evaer e das disciplinas técnicas de aviação da PUC-RS, uma das finalidades do curso é ``proporcionar treinamento mais completo e transição para o jato".
``Hoje em dia, são várias as deficiências de quem faz escolas de pilotagem. O próprio programa de treinamento é precário, porque há muita liberdade nos programas."
A forma como as escolas ensinam a voar por instrumento (só com os aparelhos, quando não há visibilidade), por exemplo, é muito deficiente, diz o coordenador.

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