São Paulo, domingo, 8 de outubro de 1995
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Paraná quer construir prisões industriais

MÔNICA SANTANNA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA (PR)

O governo do Paraná quer formar uma parceria com empresas privadas para a construção de penitenciárias industriais. Nelas, os presos poderiam executar atividades e receber salário pelo trabalho.
O projeto foi apresentado pelo governador Jaime Lerner (PDT) a cerca de 300 empresários do Estado do Paraná, que ainda não responderam à proposta do governo.
Pelo trabalho prestado, o preso receberia de um salário mínimo a um salário mínimo e meio (R$ 100 a R$ 150), divididos em três partes, uma para ele, uma para a família e outra para um pecúlio (a ser sacado ao final da pena).
Além da remuneração, a cada três dias de trabalho o preso teria um dia reduzido do total de sua pena. O secretário estadual de Justiça e Cidadania, Edson Vidal Pinto, diz que ainda não foram definidas as atividades que funcionarão nas penitenciárias industriais.
Segundo ele, elas ficarão a cargo das empresas que participarem do projeto. Cada prisão industrial terá 6.000m² de área construída e capacidade para 250 presos.
As prisões serão construídas pelo governo do Estado. Caberá às empresas a implantação dos refeitórios e a instalação das máquinas. O custo médio de cada prisão é de aproximadamente 4 milhões.
Segundo o secretário, o governo pretende construir cinco unidades: em Londrina, Maringá, Cascavel, Guarapuava e Ponta Grossa. Todas terão quartos, refeitórios, oficinas de trabalho e área de lazer.
Terão direito de transferência às penitenciárias industriais, os presos de menor periculosidade e que apresentarem bom comportamento.
“Acreditamos que 75% dos presos que estão hoje nas cadeias públicas possam ser beneficiados com esse novo projeto”, diz.
A parceria entre Estado e iniciativa privada já funciona para os presos da Colônia Penal Agrícola (CPA), na região metropolitana de Curitiba, que abriga 772 detentos.
Desse total, 48% trabalham em empresas do setor de construção civil e na Telepar (Telecomunicações do Paraná S/A). “Eles trabalham durante o dia e retornam à noite para estudar e descansar.”
Cerca de 2.500 presos ocupam as cadeias públicas do Paraná, apesar de já terem sido julgados. No sistema penintenciário do Estado, cumprem pena 3.977 presos.

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