São Paulo, domingo, 8 de outubro de 1995
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Reunião de cúpula

SÍLVIO LANCELLOTTI

Acontecerá amanhã, em Zurique, na Suíça, na sede da Fifa, uma reunião de cúpula capaz de quebrar ao meio a estrutura do poder no futebol do mundo.
Diante do capo João Havelange e do seu melífluo braço direito Joseph Blatter, estarão sentados os presidentes e os secretários-gerais das cinco confederações continentais da modalidade. Em pauta, as propostas de reformulação que a Europa exige, para curto prazo, no comando da Fifa.
Os bastidores indicam leve superioridade de Havelange na sua batalha contra o sueco Lennart Jonhsson, presidente da Uefa. Duas das filiadas da Uefa (França e Suíça) se manifestaram indispostas com a agressividade do sueco.
Claude Simonet, o presidente da federação da França, por não querer atrapalhar os procedimentos de organização da Copa-98; Henri Mathier, representante da Helvécia, por causa da sua afinidade com Blatter, seu amigo pessoal.
Como Blatter deseja atuar nos dois times ao mesmo tempo, Mathier vai esconder os seus objetivos e a sua posição até o instante derradeiro da batalha.
Havelange conta com o apoio da Conmebol da América do Sul e da Concacaf da América do Norte e do Caribe. Na Ásia, em guerra pela posse da Copa de 2002, repousa no alto do muro o impávido sultão e presidente Haji Ahmad Shah, da Malásia.
Resta a África, feudo do camerunês Issa Hayatou, a quem a Uefa tem ajudado, como a amiga mais confiável de Johansson.
Um cortinado de lantejoulas, de assuntos, digamos, triviais, camufla a pauta real do debate. A Uefa, por exemplo, prega um rodízio universal das sedes da Copa -depois da Ásia em 2002, a Europa em 2006, a África em 2010, a América do Sul em 2014. Um habilidoso visceral, embora já tenha oferecido 2006 à Alemanha, Havelange tenta atrair a África ao também lhe prometer a data.
O assunto crucial do debate, porém, será o mesmo velho dinheiro, o futuro da administração do marketing da Fifa, hoje nas mãos inacessíveis da Team Agency do alemão Klaus Hempel, de quem Havelange não pretende se desvencilhar, um movimento ao redor de US$ 500 milhões só em 94, o ano do Mundial dos EUA.
Dinheiro, afinal, atrai poder. E vice-versa. Em vez de Hempel, Johansson deseja ter o seu próprio europeu na mesa dos negócios de marketing da Fifa. E nessa guerra, com certeza, muito sangue e muitas cabeças ainda vão rolar.

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