São Paulo, segunda-feira, 9 de outubro de 1995
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Sem-terra tomam área da Cesp no Pontal

CARLOS MAGNO DE NARDI; PAULO FERRAZ; OTAVIO DIAS DE OLIVEIRA

MST invade canteiro de obras da usina de Taquaruçu; estatal deve pedir reintegração de posse à Justiça
Da Reportagem Local e dos enviados especiais ao Pontal do Paranapanema
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiu anteontem uma área de 38 alqueires da Cesp (Companhia Energética de São Paulo) no Pontal do Paranapanema, oeste do Estado.
A área fica a 20 metros da entrada da usina de Taquaruçu. Usinas hidrelétricas são consideradas áreas de segurança nacional pela Constituição Federal.
A invasão aconteceu por volta das 15h, quando chovia na região. A área é um antigo canteiro de obras com seis galpões e capacidade para abrigar cem famílias. No momento da invasão, apenas um segurança da Cesp estava no local.
A direção da estatal autorizou a permanência dos invasores até hoje, quando devem ser iniciadas as negociações com a Secretaria de Justiça do Estado. A Folha apurou que a estatal deve pedir à Justiça a reintegração de posse.
A invasão foi feita por 500 sem-terra, mas apenas 100 permaneceram no antigo canteiro.
Antes de ser desapropriada pela Cesp em 1990, a área pertencia à fazenda São Domingos, invadida na madrugada de anteontem.
Há um ano, o canteiro era ocupado pela empreiteira Mendes Júnior, responsável pelas obras na usina de Taquaruçu.
A usina entrou em operação parcial em dezembro de 92. Tem cinco turbinas com capacidade de geração de 504 mil kilowatts.
Com área total de cerca de 150 km quadrados, a usina controla a vazão do rio Paranapanema.
A Folha apurou que o MST vai reivindicar a área da Cesp ao governo do Estado, do tucano Mário Covas. As benfeitorias do canteiro de obras seriam utilizadas pelo MST para montar um centro de formação agrícola.
Os donos da fazenda São Domingos, em Sandovalina, entram hoje com pedido de reintegração de posse da área. O pedido será encaminhado ao juiz da Comarca de Pirapozinho.
Oswaldo Fernando Paes, 64, e sua mãe, Zulmira Fernando Paes, 86, são os donos da área invadida pelos sem-terra.
Na verdade, são duas fazendas -ambas com o mesmo nome- que somam 1,9 mil hectares. O local invadido faz parte da área que pertence à mãe de Oswaldo, mas que é administrada por ele, em virtude da idade avançada da mãe.
Segundo ele, essa parte da fazenda tem 767 hectares, com plantações de algodão e criação de 1.300 cabeças de gado.
(Carlos Magno de Nardi, Paulo Ferraz e Otavio Dias de Oliveira)

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