São Paulo, segunda-feira, 9 de outubro de 1995
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Abuso sexual é crime

ROSELY SAYÃO
ESPECIAL PARA A FOLHA

"Tenho 18 anos e namoro um rapaz da mesma idade há três anos. De um ano para cá temos uma vida sexual mais ativa. Esses dias descobri que ele compra revistas pornográficas, assiste a filmes eróticos e se masturba com frequência nessas ocasiões. Isso há mais de dez anos. Ele me confessou que já teve (e ainda deve ter) atração por crianças de seis a dez anos. Inclusive já passou a mão nas primas enquanto elas dormiam no quarto dele. Ele precisa de tratamento? O que devo fazer para ajudá-lo?

Tem certeza, bonitinha, que ele tem 18 anos mesmo? Não será oito, não? Olha que algum erro aqui tem. Um cara de 18 anos não pode fazer essas coisas há mais de dez anos! Ele teria menos de oito então. Concorda que isso é impossível? Quer dizer, com oito anos ele podia, mesmo, sentir vontade de estar com garotas de seis a dez anos, normal. Mas do jeito de criança e não do jeito de adulto.
Masturbar-se aos 18 anos, ver filmes de sacanagem e revistas idem é muito frequente. Mesmo para quem tem vida sexual ativa. Seguinte: com 18 anos o homem está no auge do vigor e energia sexual. O tesão está a mil e eles têm uma energia para o sexo de causar espanto até neles mesmo. O homem se excita muito facilmente com estímulos visuais, por isso essa fissura com filmes e revistas. Já a mulher se excita, em geral, de modo diferente, por isso essas coisas não fazem tanto sucesso com elas.
Agora, sentir tesão por crianças já é uma outra história. Muito mais complicada, se ele arrisca praticá-la. Nas primas, então! E quando estão lá, indefesas, dormindo! Isso é abuso sexual, sabia? Abuso sexual é crime! Ele deve saber. E se conter. Uma criança pode sofrer mais tarde com esse tipo de situação.
Primeiro esse seu namorado precisa admitir que não deve repetir isso com nenhuma criança. Sem essa de ser algo incontrolável, OK? Com 18 anos já dá para controlar-se. Ele tem mais é de estar com garotas da idade dele. E o que fazer para ajudá-lo?
Ele quer ser ajudado? Então, o melhor caminho é ele procurar um psicólogo para falar sobre o que se passa com ele. Sem essa de dar uma de boa samaritana e achar que você pode fazer algo que o livre disso. Isso não funciona, certo? Enquanto isso é bom você avaliar essa sua relação com ele. Que tal ver sua parte nessa história?

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