São Paulo, terça-feira, 10 de outubro de 1995
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PF ainda não tem provas sobre explosão

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal admitiu ontem que não tem provas de que o ex-oficial de chancelaria Jorge Mirândola seja o autor do atentado a bomba no Itamaraty, que deixou ferida, no último dia 3, a diplomata Andréia David.
Um dia depois da prisão do acusado, o diretor interino da PF, Moacir Favetti, disse que Mirândola tinha ``95% de chances" de ser autor do atentado.
Na sexta-feira, o diretor apontou como prova o fato de Mirândola ter comprado materiais elétricos em uma loja de Divinolândia (SP), supostamente compatíveis com o livro-bomba que explodiu na Itamaraty.
Ontem, a assessoria da PF informou que não tem provas de que o suspeito seja o autor do livro-bomba que explodiu nas mãos de Andréia Cristina David.
Mirândola cumpre em Brasília prisão preventiva de 90 dias. Ele nega a acusação.

Não-identificado
A PF ainda não identificou quem entregou o livro-bomba na sala da Daps (Divisão de Assuntos Previdenciários e Sociais) à secretária Rosa Januário Rodrigues. Foi ela quem passou o envelope à diplomata.
O próprio ministro Nelson Jobim (Justiça) disse anteontem que a culpa de Mirândola poderia ser comprovada ontem se a PF concluísse que os materiais comprados pelo suspeito eram os mesmos utilizados no livro-bomba. A PF é subordinada ao ministro.
``Temos os indícios, mas só teremos as provas quando forem concluídos os laudos periciais do livro-bomba e do material recolhido em Divinolândia e Poços de Caldas (MG)", afirmou a assessora de Comunicação Social, Viviane da Rosa.
Segundo ela, somente dentro de dez dias a PF poderá apresentar provas com a conclusão das perícias. Nesse período, ela disse que não serão fornecidas novas informações sobre o andamento do inquérito.
No fim-de-semana, peritos da PF recolheram material no carro de Jorge Mirândola e concluíram a reconstituição do livro-bomba. Segundo a assessoria, no entanto, é necessário o depoimento da diplomata no Hospital de Base de Brasília, onde está internada, para esclarecer como abriu o pacote.
A assessoria não confirmou se a PF conseguiu encontrar pólvora nas perícias feitas no hotel onde Mirândola se hospedou em Divinolândia e no carro que dirigia em Poços de Caldas quando foi preso.

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