São Paulo, terça-feira, 10 de outubro de 1995
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Estudantes noruegueses fazem doação para o Brasil

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

No próximo dia 26 -uma terça-feira-, em torno de 225 mil estudantes noruegueses deixarão de ir à escola para trabalhar.
O dinheiro que arrecadarem será usado para custear projetos de educação no Brasil.
O programa é denominado Operação Um Dia de Trabalho (ou ``Operasjon Dagsverk", na Noruega), existe desde 1964 e tem dois objetivos centrais: ajudar países do Terceiro Mundo -ou do Sul, como eles dizem- e desenvolver entre os jovens noruegueses o sentimento de solidariedade.
No ano passado, o país escolhido foi a África do Sul.
Com trabalhos que vão de lavar o carro do pai a auxiliar idosos em supermercados, os jovens juntaram, em 1994, em torno de R$ 4 milhões -o que dá, no Brasil, para construir escolas para 5.000 crianças.
``Na Noruega temos um sindicato de estudantes muito forte e organizado", contou Espen Parmann, 19, que voltou ontem ao seu país depois de passar uma semana aqui, conhecendo os projetos que serão financiados (leia texto ao lado).
``Aí, pensamos que era errado ter tudo isso só para a gente e decidimos fazer esse Dia do Trabalho", disse.
Participam da operação todos os estudantes secundaristas (equivalentes a alunos brasileiros da 7ª série ao 3º colegial). A Noruega tem 4,2 milhões habitantes -menos de um terço da população da Grande São Paulo.
O processo de escolha do país que será ajudado e dos projetos que serão financiados mostra o grau de organização dos estudantes noruegueses.
No ano anterior, organizações não-governamentais da Noruega enviam sugestões a todas as escolas. Os estudantes de cada uma das 1.100 escolas secundaristas votam nos projetos que preferem.
Depois, no início do ano, há o Congresso Nacional de Estudantes Secundaristas, com representantes eleitos em cada escola, que escolhem o país e os projetos a partir dos que foram selecionados na votação anterior.
O Dia do Trabalho é o último de dez dias de ``educação em solidariedade". Nesse período, no lugar de terem aulas normais, os estudantes vão discutir por que há alguns países pobres e outros ricos.
A preparação para a operação envolve viagens de estudantes para os países que serão financiados, para que eles possam voltar e contar o que viram e aprenderam.
É o caso de Espen, que veio ao Brasil junto com sua colega da Escola Secundária de Nesodden (cidade norueguesa), May Aimee Larsen, 18.
Anteontem, embarcaram para a Noruega três estudantes secundaristas brasileiros, que vão percorrer escolas para contar como é a realidade educacional brasileira.

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