São Paulo, terça-feira, 10 de outubro de 1995
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Socióloga mostra falhas da Secretaria do Menor

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto meninos e meninas de rua se reuniam em Brasília, na sexta-feira passada, a socióloga Elisabete Roseli Ferrarezi, 32, mostrava à sua banca de mestrado na Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, por que a Secretaria do Menor não deu certo no Estado.
A secretaria foi criada em 87, no governo Quércia, para instituir um novo paradigma na relação com crianças e adolescentes.
Contrapondo-se a uma visão ``assistencialista-repressora", presente nas políticas governamentais na área desde 1964, a Secretaria do Menor nasceu com ideal ``humanista, de garantia de direitos".
Pela nova mentalidade, em vez de prender meninos e meninas de rua, deve-se criar espaços onde eles possam se integrar à sociedade espontaneamente (como as casas abertas); no lugar de dar assistência, deve-se ensinar a criança a ``andar com as próprias pernas".
Então começaram os problemas. O primeiro foi a sociedade, que vê nos garotos pobres uma ameaça. ``A Secretaria da Segurança Pública acusava a Secretaria do Menor de ser condescendente com jovens infratores", diz Elisabete.
``Faltou uma estratégia de comunicação com a sociedade para mudar a mentalidade com relação aos menores", afirma.
Mas o problema mais sério -abordado na conclusão da dissertação- foi que a Secretaria do Menor foi criada sem que fosse feita uma reforma administrativa.
Assim, quando, em 1990, a Febem (onde os menores infratores são detidos) passou para a alçada da Secretaria do Menor, houve conflito: toda a hierarquia e forma de agir da Febem foram mantidos.
O choque foi tão grande que, em 92, a secretaria simplesmente deixou de existir. ``Sem uma gestão inovadora, que integre as diversas secretarias e instâncias do governo é impossível implementar idéias inovadoras", conclui Ferrarezi.
(FR)

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