São Paulo, terça-feira, 10 de outubro de 1995
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`Eu Te Amo' é virada de Jabor

JOSÉ GERALDO COUTO
DA REPORTAGEM LOCAL

``Eu Te Amo" (Bandeirantes, 23h), de Arnaldo Jabor, representa um momento de virada na carreira do cineasta.
Depois do alegórico ``Tudo Bem", em que a sociedade brasileira se comprimia toda num apartamento da zona sul carioca, Jabor parte, aqui, para uma aventura mais intimista, que seria radicalizada no filme seguinte, ``Eu Sei que Vou Te Amar".
Em ``Eu Te Amo" a câmera fica também quase o tempo todo no apartamento, mas o apartamento aqui é muito mais chique, modernoso e distante do burburinho da cidade. E o drama que se desenvolve dentro dele não é o dos conflitos sociais, mas o dos desencontros amorosos.
Um empresário falido (Paulo César Pereio), depois de ser chutado pela mulher (Vera Fischer), procura consolo no corpo de uma doidivanas (Sonia Braga), chutada por sua vez por um piloto de avião (Tarcísio Meira).
Jabor aprendeu com Nelson Rodrigues a extrair todo o sublime e todo o ridículo dos amores infelizes. Com diálogos tão deliciosos como cortantes, ele constrói uma teia perversa de relações -mas, por algum motivo, não leva até o fim as possibilidades que semeia.
Como em todos os seus filmes mais recentes, perto do final Jabor carnavaliza tudo, afundando os conflitos num relaxamento derrisório e festivo.
É divertida a paródia que se faz então dos usos do amor na publicidade, na literatura e no cinema -mas já aponta para o beco sem saída que, talvez mais que as dificuldades financeiras, levou o diretor a parar de filmar há dez anos.

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