São Paulo, quarta-feira, 11 de outubro de 1995
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"O Retorno de Jedi" amontoa mitologia e floresta de Hobin Hood

MARCEL PLASSE
ESPECIAL PARA A FOLHA

O dinheiro faz toda a diferença. Os US$ 32 milhões de ``O Retorno de Jedi" eram quase a soma do custo dos dois primeiros episódios (US$ 10 milhões de ``Guerra nas Estrelas" e US$ 25 milhões de ``O Império Contra-Ataca"). Uma exorbitância há doze anos.
A trilogia de George Lucas iniciou a escalada orçamentária dos filmes de verão nos EUA. De gênero barato até os anos 70, a ficção científica tornou-se o carro-chefe dos grandes estúdios. Como medida de comparação, ``Waterworld", atualmente em cartaz, custou cerca de US$ 200 milhões.
Ao orçamento corresponderam melhores efeitos. Mais efeitos. Personagens importantes como os ewoks e Yoda saíram dos laboratórios da Industrial Light & Magic, assim como as cenas mais famosas do filme, tornando o trabalho de direção de atores uma função secundária.
Fica claro o quanto ``O Retorno de Jedi" é assinado por Lucas, com a mínima contribuição do diretor galês Richard Marquand. Poucas vezes Hollywood esteve tão perto de realizar o ideal do produtor como autor cinematográfico.
Mas nem a qualidade técnica disfarça que ``O Retorno de Jedi" é um filme ``B". E mexicano, ainda por cima.
A família de Luke Skywalker não parou de aumentar desde que o mocinho ouviu, no segundo episódio, a confissão do vilão Darth Vader: ``Eu sou seu pai".
No último capítulo, Luke descobre que não pode namorar a Princesa Leia, porque é sua irmã.
Os roteiristas George Lucas e Lawrence Kasdan não buscavam originalidade. Toda a série foi um amontoado de clichês. Lucas trouxe para a ficção científica situações batidas em outros gêneros -a princesa em perigo, o império do mal, os cercos de ``western" e a combinação de samurai e cavaleiro da Távola Redonda, que recebeu na série o nome de Jedi.
Em ``O Retorno de Jedi", a mitologia ganha a floresta de Sherwood, de Robin Hood, como refúgio para os rebeldes de Skywalker.
Inspirado ainda nos seriados de aventura dos anos 40, o filme começava com um ``cliffhanger" (momento de suspense interrompido no capítulo anterior). Mas em vez de esperar uma semana, como nos ``serials", o público aguardou dois anos para saber o destino de Han Solo, aprisionado no planeta Tatooine desde ``O Império Contra-Ataca" -Robert Zemeckis usaria o mesmo recurso em ``De Volta para o Futuro" 2 e 3.
O fim da trilogia não arrefeceu a marca. Doze anos depois, ainda são produzidos itens em CD-ROM (os ``games" ``Dark Star" e ``Rebel Assault"), gibis e brinquedos de ``Guerra nas Estrelas".
George Lucas, hoje com 51 anos, poderia viver apenas dos lucros da franquia. Mas prepara o quarto filme da série, com estréia prevista só para o verão de 98.

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