São Paulo, quinta-feira, 12 de outubro de 1995
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Ex-acusado faz até discurso

DO ENVIADO ESPECIAL A PORTO FERREIRA

Jorge Mirândola despertou curiosidade nas cerca de 20 passageiros que estavam ontem de madrugada na rodoviária de Ribeirão Preto (319 km a norte de São Paulo). Ele até fez um pequeno discurso em sua defesa.
Ele chegou à cidade às 4h30, vindo de Brasília. Desceu do ônibus fazendo o sinal de vitória. Trazia nas mãos uma pequena mala.
Mirândola estava calmo e disposto. Passou três horas na rodoviária e chegou a subir em um banco para defender sua inocência a um grupo que parou para ouvi-lo. ``O que a polícia fez comigo foi uma infantilidade", disse.
Mirândola disse que a suspeita sobre a autoria do atentado a bomba recaiu sobre ele por causa de sua tentativa de mostrar, por meio das cartas que enviou, a fragilidade da segurança do Itamaraty.
Ele voltou a afirmar que foi avisado do atentado por meio de contatos mediúnicos, que o alertaram sobre o envio de uma bomba ao Itamaraty. Também afirmou ter sido alertado sobre atentados a bomba na França.
``Soube um tempo antes sobre os atentados que ocorreram em Paris e procurei alertar o governo francês", disse.
Para provar o que dizia, mostrou um comprovante de remessa de correspondência para a sede do Ministério da Justiça francês.
Às 7h, Mirândola embarcou em um ônibus para Porto Ferreira (230 km a norte de São Paulo), depois de ter ficado em dúvida sobre ir para Campinas, Poços de Caldas, Mococa e Cajuru.
Um dos passageiros pediu ao motorista que chamasse um policial militar para garantir a segurança no ônibus, mas não foi atendido.

Preocupação
Após a chegada de Mirândola a Porto Ferreira, algumas pessoas se diziam preocupadas com a possibilidade de ele permanecer na cidade.
Gerentes de hotéis entrevistados pela Folha afirmaram que não permitiriam que ele se instalasse em seus estabelecimentos.
``Tenho medo de que ele seja um louco", disse um gerente que pediu para não ser identificado.

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