São Paulo, quinta-feira, 12 de outubro de 1995
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Confronto entre servidores e PMs faz 33 feridos no MS

MYRIAN VIOLETA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

Trinta e três pessoas ficaram feridas na tarde de anteontem em um confronto entre policiais militares e servidores municipais diante do prédio da Prefeitura de Amambai (26,5 mil habitantes, a 341 km de Campo Grande-MS).
A informação é do Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação, segundo o qual 18 dos 33 feridos teriam sido baleados.
O confronto foi motivado pela tentativa dos policiais de garantir a entrada na sede da prefeitura do prefeito Nestor Tagliari (PTB).
Os funcionários municipais entraram em greve em agosto. Desde 20 de setembro, cerca de 400 servidores estão acampados em barracas de lona diante da prefeitura em protesto contra o atraso de pelo menos quatro meses no pagamento dos salários.
Segundo César Augusto Guittoti, representante do sindicato, seriam necessários R$ 1,2 milhão para pagar os salários atrasados. Na rede municipal de ensino, as aulas estão suspensas desde 9 de agosto.
O prefeito vinha sendo impedido de entrar na prefeitura pelos manifestantes desde a última segunda-feira.
Para garantir sua entrada, o juiz Zaloar Murati Martins determinou à polícia a retirada dos manifestantes.
A PM informou ontem que não tem dados precisos sobre o número de feridos e baleados. De acordo com a PM, 11 policiais tiveram ``sérias lesões" -um deles com traumatismo na clavícula- e sete civis ficaram feridos.
O major Edy Escobar Bravo, comandante da operação, afirmou que cerca de 3.000 pessoas enfrentaram os 78 PMs.
Segundo ele, os policiais utilizaram cassetetes, gás lacrimogêneo e estavam armados com revólveres e escopetas, calibre 12. De acordo com o sindicato, os servidores não tinham armas.
Ontem à tarde, mais de 1.500 pessoas, segundo o sindicato, participaram de um ato público contra a decisão do juiz em enviar a PM para retirar os servidores. A PM não soube informar a quantidade de participantes do ato.
O sindicato pediu à Justiça, no último dia 26 de setembro, a prisão preventiva do prefeito Tagliari porque até aquela data os salários ainda não tinham sido pagos.
O juiz Zaloar Martins disse que, apesar de a prisão preventiva ser cabível, remeteu o processo à Procuradoria Geral de Justiça de Mato Grosso do Sul, por entender que a decisão não era de sua competência.
Junto à Procuradoria, tramita outro processo contra Tagliari, movido pela Câmara Municipal.
Os vereadores pedem a intervenção do Tribunal de Justiça na cidade por entenderem que o repasse da verba para manutenção da Câmara deve ser calculado sobre o orçamento do município e não sobre a arrecadação.

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