São Paulo, quinta-feira, 12 de outubro de 1995
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Mais fábricas importam brinquedos

CLÁUDIA PIRES
DA REDAÇÃO

A indústria nacional de brinquedos virou importadora. O setor, que se considera prejudicado pela ``invasão" de produtos estrangeiros, aderiu à importação como forma de aumentar as vendas.
Segundo a Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos), as indústrias brasileiras estão realizando novas parcerias com empresas estrangeiras, o que possibilita mais importações.
``Isso garante a qualidade dos produtos, o que não ocorre com os importados ilegalmente", afirma Synésio Batista da Costa, 39, presidente da associação.
A principal crítica que vem sendo feita pelos fabricantes nacionais quanto aos importados refere-se aos produtos chineses, que teriam preços mais baixos e qualidade inferior aos produtos nacionais.
A Abrinq também reivindica junto ao governo maior controle do contrabando, que, segundo a associação, deve movimentar US$ 80 milhões neste ano.
Na Estrela, líder desse mercado, 30% do faturamento anual corresponde a itens importados. A empresa prevê faturar cerca de US$ 220 milhões em 95.
Carlos Tilkian, 42, presidente da empresa, diz que a situação atual pode elevar a importação para até 45% nos próximos meses.
``Este é o primeiro ano que a indústria é obrigada a importar. A Estrela precisa complementar sua linha para se adaptar à abertura de mercado e elevar a competitividade. Sem a importação, correríamos o risco de perder mercado", diz.
Entre os 291 produtos comercializados pela Lego, 72 itens são importados e representam 10% do faturamento da empresa.
Para Wilson Soderi Jr., 36, diretor comercial da Lego, os importados são uma complementação de linha. ``Importamos produtos diferenciados, que não são fabricados no país", conta.
Para Soderi, essa importação é necessária para concorrer com os produtos estrangeiros que estão entrando no mercado.
``Reduzimos as vendas e sacrificamos a margem de lucro para enfrentar a concorrência, mas a competição ainda é grande", afirma.
Na Brinquedos Bandeirantes, a participação dos importados no faturamento é menor: cerca de 5%.
Pedro Henrique Pucci, 35, gerente de mercado internacional, diz que esse número pode aumentar devido às condições atuais que facilitam a importação.
``Temos parcerias no mercado internacional há 40 anos. Existem produtos interessantes lá fora que podem e devem ser importados."
Pucci afirma que o que prejudica o mercado são as importações ilegais (contrabando) e os produtos com baixa qualidade.
As importações corresponderam a 70% do faturamento das indústrias nacionais em 94, segundo cálculos da Associação Brasileira dos Revendedores de Brinquedos.
``As indústrias gostariam de poder importar sozinhas, pois vendem os produtos por preços muito mais altos do que as revendas", afirma Arab Zakka, 51, vice-presidente da associação.
A Abrinq rebate a afirmação: ``Isso não é verdade, pois os encargos tributários são os mesmos", diz Synésio.
Segundo os fabricantes e representantes do setor, o total importado em 94 -indústrias mais importadoras- movimentou US$ 89 milhões e deve fechar 95 em US$ 170 milhões.

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