São Paulo, sexta-feira, 13 de outubro de 1995
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Alemão não crê em jornal independente

Para editor, independência não existe

DA REPORTAGEM LOCAL

Reiner Oschmann, editor-chefe do jornal alemão ``Neues Deutsch- land", acredita que jornalismo totalmente independente é impossível em uma sociedade comunista. E também, no capitalismo, onde as ordens de um chefe de partido são substituídas pelas ordens do grande capital.
Oschmann participa do 2º Fórum Folha de Jornalismo e Mídia, com o tema ``A Imprensa numa Sociedade Pós-Comunista". O ``Neues Deutschland" era órgão do Partido Comunista da ex-Alemanha Oriental. Agora está inserido no mercado, com tiragem de 80 mil exemplares.

Folha - Havia jornalismo independente no comunismo?
Oschmann - Minha experiência com o chamado socialismo real na antiga Alemanha Oriental e agora com o capitalismo fortaleceram minha opinião de que em nenhum dos dois sistemas há jornalismo absolutamente independente, embora as margens de liberdade sejam agora maiores.
No comunismo, o jornalismo era entendido antes de mais nada como auxiliar do partido comunista, no interesse ``do fortalecimento do socialismo", ou o que quer que se entenda por isso.
Hoje eu vejo que vários importantes órgãos de imprensa fazem frequentemente propaganda das grandes glórias do pensamento burguês hegemônico.
Não é raro um órgão que tenha um grande e lamentável interesse em banalizar e fazer análises superficiais sobre os cada vez mais graves problemas sociais.
Folha - Quais as mudanças do jornalismo na ex-Alemanha Oriental?
Oschmann - A mudança de regime foi para muitos jornalistas, inicialmente, autolibertação e alívio. Para outros, foi a hora da verdade de sua capacitação. Vários ficaram desempregados.
Cada vez mais colegas da antiga Alemanha Oriental, empregados em órgão alemães-ocidentais, reclamam contra restrições à liberdade de imprensa. Estão percebendo que ordens do chefe de partido foram substituídas por ordens do grande capital.

Os convidados internacionais do 2º Fórum Folha viajam por cortesia da Vasp

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