São Paulo, sexta-feira, 13 de outubro de 1995 |
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Exército se nega a ceder propriedades
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE Exército e parlamentares de esquerda vão se reunir para discutir formas de apoio ao governo para viabilizar a reforma agrária. Os militares descartam a doação de áreas para os sem-terra.A primeira reunião irá acontecer na próxima semana, entre o comandante militar do Planalto, general Luciano Casales, o deputado Augusto Carvalho (PPS-DF) e o senador Roberto Freire (PPS-PE). Entre os assuntos que serão discutidos na reunião está a situação de um grupo de sem-terra acampado em Formosa (GO), nas proximidades de um campo de treinamento militar. O Ccomsex (Centro de Comunicação Social do Exército) afirmou que as terras dos campos de treinamento de Formosa -assim como das outras áreas para exercícios militares- são inegociáveis. O Exército se recusa a discutir a doação de terras para a reforma agrária sob o argumento de que as 26 áreas de treinamento militar são ``produtivas", por serem constantemente utilizadas. Segundo o Ccomsex, haveria também o problema de segurança, já que existem munições não-detonadas espalhadas nos 250 hectares de terra dos campos do Exército. Os terrenos são usados para o aperfeiçoamento de práticas de combate, incluindo lançamento de granadas e foguetes. Em alguns casos, há falhas e as munições não são detonadas, permanecendo à superfície do terreno ou mesmo sob o solo. O Exército afirma que seria arriscado assentar famílias nestes locais. O campo de treinamento de Formosa é considerado um dos mais importantes para os militares, assim como o de Gerisimó (RJ) e Suicam (RS). O senador Roberto Freire confirmou ontem que vai se encontrar na próxima semana com representantes do Exército para discutir a reforma agrária. Além da eventual cessão ou venda de propriedades militares, o senador considera possível a ajuda do Exército nos assentamentos. ``O Batalhão de Engenharia, que faz estradas, obras, poderia ser aproveitado para assentar as famílias", sugeriu. ``Isso agilizaria o processo e baratearia os custos com o programa", afirmou. Para Freire, o Exército tem condições de discutir o tema porque já arrendou terras e possui áreas improdutivas em quase todo o país. Sobre as invasões comandadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Freire disse que o PPS tem uma posição de ``precaução". O partido apóia as ocupações ``em estado de necessidade", mas acha necessário cautela para que elas não se transformem em ``instrumento de ação política que resulte em confronto". Colaborou a Agência Folha, em Recife Texto Anterior: MST descumpre acordo e mantém invasão Próximo Texto: Freire quer terras da igreja Índice |
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