São Paulo, sexta-feira, 13 de outubro de 1995
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Eleição S/A; Túneis; Empresas diferentes

Eleição S/A
``Ao ler o caderno especial Eleição S/A da Folha de domingo (8/10), assinalei o caráter analítico e informativo da matéria à população, no que diz respeito ao financiamento das últimas eleições. Cumprimento os jornalistas responsáveis pela publicação do caderno, ressaltando o trabalho sério e profissional realizado."
Reinhold Stephanes, ministro da Previdência e Assistência Social (Brasília, DF)

``É louvável o esforço desse jornal em informar aos seus leitores sobre tudo o que acontece e que é do interesse público. Foi assim no caso do caderno especial Eleição S/A, publicado na edição de 8/10. As referências ao financiamento das campanhas políticas e sua vinculação com possíveis privilégios por parte daqueles que possam ter auferido vantagens por meio de emendas ao Orçamento da União são uma tentativa de mascarar a verdade, ressalvados os casos de comprovação factual. Vejamos o meu caso. Eu não fiz emenda para beneficiar a empreiteira Odebrecht, conforme noticiado no referido caderno. Eu fiz emenda (infelizmente não aprovada) para beneficiar o meu Estado e o povo que nele vive e necessita dos serviços de infra-estrutura pública, conforme afirmei ao jornalista Lúcio Vaz, em conversa telefônica. E mais: terei essa mesma atitude sempre que o meu Estado precisar de recursos federais para cumprir o seu programa de investimentos. A estrada em questão é uma obra federal, sendo sua licitação de responsabilidade do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), órgão do governo federal. Portanto, não aceito que informações distorcidas induzam os leitores a aceitar como verdade uma inverdade. Minha surpresa foi ainda maior quando li, na edição de 10/10, matéria da Sucursal de Brasília, sob o título `Magalhães quer proibir deputados de favorecer doador de campanha', o seguinte: `O caderno demonstrou que pelo menos dois deputados -Basílio Villani (PPB-PR) e Telmo Kirst (PPB-RS)- e dois ex-deputados -Roseana Sarney (PFL-MA) e Valdomiro Lima (PDT-RS)- apresentaram emendas ao Orçamento que beneficiaram empreiteiras que doaram recursos para suas campanhas'. Talvez não seja cansativo repetir: as emendas de minha autoria como deputada são em benefício do meu Estado e do seu povo. A responsabilidade pela licitação que escolheu a empresa construtora é do DNER, órgão do governo federal, a quem cabe dirimir qualquer dúvida quanto a essa obra."
Roseana Sarney, governadora do Maranhão (São Luís, MA)

Nota da Redação - A governadora confirma em sua carta que apresentou a emenda e recebeu doação de campanha da Odebrecht. A obra objeto de sua emenda é tocada pela empresa, segundo dados do DNER. Foram relatados fatos concretos e objetivos.

Túneis
``Buraco sob o Ibirapuera, sob o rio Pinheiros, no Pacaembu e outros tantos só funcionam como peça de propaganda, como bem analisa Clóvis Rossi (pág. 1-2, 11/10). Será que não existe ninguém capaz de iluminar nosso prefeito e indicar a luz do Primeiro Mundo para o transporte coletivo? Onde está a assessoria que não mostra ao prefeito o `buraco' na atuação do governo estadual no que se refere às obras do Metrô e o excita a fazer esse investimento?"
Maria José Miele (São Paulo, SP)

``O vereador Odilon Guedes (PT-SP) afirma que o contrato original para a construção do túnel Ayrton Senna foi elevado em 320%, conforme publicado pela Folha em 10/10. Esta assessoria de imprensa forneceu à reportagem dados que comprovam que o vereador se equivocou, mas a matéria excluiu esses dados e preferiu citar apenas que auditores do Tribunal de Contas do Município não encontraram nenhuma irregularidade nos gastos do túnel. O vereador afirma que os gastos com a construção do túnel chegam a R$ 504 milhões. Para chegar a esse valor, ele usa `o brilhante raciocínio' de somar os empenhos feitos no Orçamento nos últimos nove anos que deveriam ser destinados ao túnel. O parlamentar talvez se esqueça de que nem sempre uma verba empenhada é gasta na obra. Ainda segundo o vereador, a prefeitura teria gasto com o túnel, em 1988, R$ 129 milhões. Com certeza os ex-secretários Amir Khair e Paul Singer, de Finanças e do Planejamento, profissionais que merecem todo o respeito, teriam percebido e denunciado tal gasto. Mesmo porque, no referido ano, só foi feito um poço de serviço na obra do túnel. Ou será que o vereador está insinuando que esses integrantes do governo de seu partido foram coniventes com esse gasto? Ainda segundo dados do vereador, em 1993 foram gastos na construção do túnel cerca de R$ 33 milhões. Atente o leitor que o túnel só começou efetivamente a ser construído em 1994. Isso mostra claramente que o vereador, no mínimo, se equivocou ao alardear suas denúncias. O vereador acerta ao dizer que o valor original do contrato para a construção dos dois túneis foi reajustado. Por ser um economista, deveria saber que um contrato não se reajusta apenas pela variação de uma moeda. Foram feitos reajustes contratuais, da mesma forma que foram reajustados os contratos para a construção dos túneis no Vale do Anhangabaú. Esse contrato foi assinado originalmente com um valor equivalente a US$ 27 milhões, e apenas o segundo túnel -sentido aeroporto/Santana-, construído na administração do PT, custou aos cofres públicos US$ 90 milhões. Esse túnel tem apenas um terço da extensão do Ayrton Senna. Quando o vereador afirma que o túnel Ayrton Senna teve um custo elevado, ele se esquece de revelar que pelo menos um quarto desse custo foi gerado devido a paralisação da obra, determinada pelo governo do PT."
Fernando Lancha, assessor de imprensa do secretário de Vias Públicas, Reynaldo de Barros (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Luis Henrique Amaral - O missivista não ``forneceu dados que comprovam que o vereador se equivocou". Ao contrário, disse que não poderia fornecer dados sobre o contrato porque o secretário Reynaldo de Barros está em viagem de folga, nos EUA, e o assessor jurídico da secretaria está em viagem de emergência, na Europa. Ele disse apenas, como consta da reportagem, que o Tribunal de Contas do Município não encontrou irregularidades nos gastos do túnel.

Empresas diferentes
``Em 28/09, foi publicada matéria na Folha reportando-se à inadimplência com a indústria fonográfica, sobre a qual cumpre-nos esclarecer: a empresa Lojas Colombo, referida naquela matéria, é uma cadeia de 270 lojas que opera no ramo do comércio de eletrodomésticos e móveis nos Estados do RS, SC e PR e nada deve à indústria fonográfica. A referenciada Lojas Colombo constitui-se em uma das maiores redes de vendas de eletrodomésticos e eletroeletrônicos, bem como de móveis, da região Sul, não sendo justo confundir com a Colombo & Colombo, que opera no ramo fonográfico, a quem se refere a matéria veiculada. Não há nenhum vínculo entre Lojas Colombo S.A/Comércio de Utilidades Domésticas, razão social da Lojas Colombo, e a Colombo & Colombo Ltda."
André de Almeida (Porto Alegre, RS)

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