São Paulo, sexta-feira, 13 de outubro de 1995
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Deflação e descompasso

A deflação registrada pelo IGP-DI, assim como pelo IGP-M, no mês de setembro chama a atenção para um aspecto comum aos planos de estabilização baseados na valorização da taxa de câmbio. Trata-se do descompasso -em certo sentido preocupante- entre os preços dos bens importáveis e os dos que não estão sujeitos à concorrência externa. A média estável dos preços é alcançada com tensão. Alguns preços ficam muito altos e outros muito baixos.
Itens como aluguel, transportes ou serviços entram no cálculo da inflação para o consumidor, mas não são afetados pela cotação do real frente ao dólar. Não é por acaso que estão entre os campeões das altas durante o Plano Real. Já os índices de preços de atacado aferem o comportamento de produtos sujeitos a uma concorrência bastante acirrada dos importados.
É essa diferença a causa de os Índices Gerais de Preços da FGV registrarem inflação menor do que os índices ao consumidor, como o da Fipe ou o do IBGE. Os IGPs são índices mistos. O cálculo do IGP-DI é elucidativo: enquanto os preços ao consumidor aumentaram 30,2% nos últimos 12 meses e os da construção elevaram-se em 34,8%, os de atacado subiram apenas 11%.
O desafio de longo prazo é impedir que esse descompasso se agrave. O combate à ação de cartéis, a redução do custo Brasil e das taxas de juros internas são fundamentais para evitar que muitos sejam espremidos entre as importações barateadas pelo câmbio e os custos crescentes da produção.

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