São Paulo, sábado, 14 de outubro de 1995
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Procuradoria denuncia Cesar Arrieta por corrupção

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O empresário argentino Cesar de La Cruz Mendoza Arrieta foi denunciado ontem pela Procuradoria Geral da República por corrupção. A denúncia será analisada pela Justiça Federal.
Arrieta é acusado, pela Procuradoria Geral, de ter corrompido os policiais federais Jenis Honorato Espíndola e Tília Souza Cruz.
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Câmara Federal dos Deputados, que investigou as fraudes previdenciárias, também acusa Arrieta.
O advogado de Arrieta, Sérgio do Rego Macedo, disse que as acusações são falsas. Segundo ele, as negociações entre Arrieta e a Previdência Social sempre foram legais.
A intenção dos procuradores Artur Gueiros, Alex de Miranda e Rogério Nascimento era denunciar Arrieta pela suposta prática de corrupção contra dirigentes da Previdência.
Como não conseguiram provas, os procuradores decidiram formular a denúncia com base em documentos que comprovariam a ligação entre Arrieta e os policiais federais.
A saída encontrada pelos procuradores foi apelidada por Gueiros de ``estratégia Al Capone", referência ao criminoso que ganhou fama nos anos 30, nos EUA.
Capone era suspeito de vários crimes -entre os quais, assassinato e comércio de bebidas, este último considerado ilegal na época-, mas acabou sendo condenado por sonegação fiscal.
``A característica dos crimes do "esquema Arrieta' é não deixar provas. Arrieta trabalha com dinheiro vivo", disse Gueiros, 28.
O procurador afirma ainda que não foi possível denunciar o alto escalão da Previdência, porque ``por enquanto não conseguimos provas suficientes".
Preso há oito dias na sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Arrieta, 44, já é réu em uma ação da 13ª Vara Federal, que apura o parcelamento ilegal de débitos de empresas com a Previdência.
Também foram denunciados ontem, sob acusação de corrupção ativa, mais quatro acusados de atuar no esquema de fraudes.
São eles: os sócios Edmundo Noronha e Marco Antônio Gervazoni, a secretária Regina Maria de Souza Lopes e o advogado Altamiro Fiel de Oliveira.
Os policiais federais foram denunciados pelo Ministério Público sob a acusação de corrupção passiva.
Na conta bancária de Espíndola, teriam sido depositados cheques em 28 de agosto de 1992, 27 de outubro de 92 e 2 de março de 93 (US$ 11.071,83 no total).
Espíndola, que é suposto segurança de Arrieta, trabalha atualmente no aeroporto internacional do Rio.
Lotada na Interpol (que cuida de crimes internacionais), Tília Souza Cruz teria tido uma viagem paga por Arrieta. A Interpol no Rio de Janeiro fica no mesmo prédio onde funciona a sede da Polícia Federal.
Tília e a filha Raquel teriam ido de avião para Brasília em 11 de novembro de 91.

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