São Paulo, sábado, 14 de outubro de 1995
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Advogado de Pareja tenta evitar vingança

WILLIAM FRANÇA
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

A maior preocupação dos advogados do assaltante e sequestrador Leonardo Rodrigues Pareja, 21 -preso desde anteontem num presídio em Aparecida de Goiânia (GO)-, é mantê-lo a salvo de possíveis vinganças da polícia e preservar sua integridade física.
``Nosso maior temor é o de revide dos policiais, que foram massacrados por ele. Temos de tomar cuidados, pelo menos até terminar a sede de orgasmo da polícia", disse à Folha Nathanael Lima Lacerda, um dos dois advogados de Pareja, logo após visitá-lo, ontem, ao meio-dia, na prisão.
Além de fugir três vezes da polícia -desde o sequestro em que manteve uma adolescente como refém por 59 horas em Feira de Santana (BA)-, em várias oportunidades Pareja chamou os policiais de ``incompetentes e burros" por não conseguirem prendê-lo.
O sequestrador afirma que, se não tivesse se entregado anteontem a uma equipe de televisão, numa fazenda do interior de Goiás, a polícia nunca o teria prendido.
Logo após se render, ao assinar o termo de apresentação espontânea, Pareja recebeu garantias de vida do juiz Stenka Isaac Neto, titular da 4ª Vara de Execuções Criminais de Goiânia.
O juiz determinou ainda que Pareja não seja retirado da cela de segurança máxima ou receba visitas sem sua expressa ordem.
Ontem, o advogado Lacerda tentava estender esses direitos. Ele quer que o assaltante seja acompanhado por um advogado em qualquer deslocamento para depoimentos ou exames médicos.
``Essa agora é uma questão pessoal. Aqui dentro (a prisão onde está Pareja) é um barril de pólvora. Ele é o pavio que pode ser aceso. Podem até simular uma rebelião e acusá-lo de incentivar os presos e, assim, matá-lo", afirmou o advogado -um dos criminalistas mais conceituados de Goiânia, que tem entre seus casos resolvidos a redução de pena do cantor Lindomar Castilho, que matou a mulher.
Segundo Lacerda, ``o caso Pareja vai servir de exemplo de como se executa uma pena aos moldes previstos em lei".
O advogado afirmou ainda que não acertou os valores de seus honorários nem a estratégia de como vai defender Pareja dos crimes que cometeu depois da fuga do presídio, em dezembro de 94 -``mais de 20", segundo Pareja.

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