São Paulo, sábado, 14 de outubro de 1995
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Preço do pãozinho francês sobe 18%

DA REPORTAGEM LOCAL

O consumidor está pagando 18% a mais pelo pãozinho francês de 50 gramas. Hoje, o maior preço cobrado pelas padarias de São Paulo é de R$ 0,13 a unidade.
``Se o pãozinho estivesse tabelado, a alta seria ainda maior", diz Frederico Maia, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Panificação (Abip).
Segundo Maia, se fosse aplicada hoje a fórmula usada pelo governo durante o período em que o preço do produto ficou tabelado, o impacto dos atuais aumentos de custos no preço seria maior do que o reajuste efetuado pelas padarias.
Também a grande concorrência entre as padarias tem impedido uma alta ainda maior nos preços. Atualmente, o setor reúne 50 mil empresas, segundo a Abip.
Os donos de panificadoras atribuem a alta de preço ao aumento dos custos. A farinha de trigo, que responde por 20% do custo do pão, subiu cerca de 50% desde junho deste ano até hoje.
A mão-de-obra, que pesa 20% nos custos, teve alta superior a 50% desde julho de 94. O preço das embalagens (o saquinho de papel) mais do que dobrou de preço e os aluguéis comerciais subiram 60% no mesmo período.
Segundo Maia, o aumento dos preços vem ocorrendo lentamente nos últimos 90 dias. Algumas empresas do setor protelaram o aumento, tentando absorver parte da alta de custos.
``Mas agora a situação ficou inviável", diz o representante do setor. Ele conta que o reajuste já atinge a maior parte das padarias e que o preço máximo cobrado hoje do consumidor é de R$ 0,13 pelo pãozinho de 50 gramas.
O consumidor Luiz Arantes, que mora em Osasco (SP), ficou surpreso com o aumento do preço do pão.
Segundo ele, a alta foi da noite para o dia. Até quarta-feira, por exemplo, ele pagava R$ 0,10 pelo pãozinho de 50 gramas na padaria perto da sua casa. Ontem, o preço subiu para R$ 0,13.

Trigo
O grande responsável pela alta do pão é o trigo. O preço do grão está em alta no mercado internacional. Só no último mês, a cotação subiu 13%. O preço da tonelada passou de US$ 230 para US$ 260, diz Antenor de Barros Leal, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), que reúne 250 moinhos.
Segundo ele, a frustração da safra da Argentina, principal fornecedor do produto para o Brasil, puxou para cima os preços.
Também a queda na produção da China e a má qualidade do produto norte-americano fizeram com que as cotações disparassem.
Segundo Leal, apesar da menor produção, não falta produto no mercado internacional. ``Existe trigo no Canadá e nos Estados Unidos. O problema é o preço."
Para desatar esse nó, a Abitrigo já encaminhou um pedido ao governo para isentar as importações de trigo do Canadá e dos Estados Unidos da taxa de 10% sobre o valor do produto (incluídos o seguro e o frete).
Na próxima segunda-feira, a Abip, que reúne a indústria de panificação, encaminha pedido semelhante, diz Maia.

Massas
Além do pãozinho, os outros produtos do setor de massas devem sofrer o impacto da alta do trigo no mercado internacional.
Omar Assaf, vice-presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), diz que os biscoitos devem subir entre 7% e 9%; o macarrão, entre 12% e 15%.
Pesquisa da cesta básica realizada pelo Procon, em convênio com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos), mostra que, de agosto até o dia 11 de outubro, o preço da farinha de trigo subiu 34,09% para o consumidor na cidade de São Paulo.
No mesmo período, o biscoito de maizena teve alta de 6,12% e o macarrão com ovos subiu 5,17%.

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