São Paulo, sábado, 14 de outubro de 1995 |
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Cota obrigatória é criticada
MARILENE FELINTO
Os publicitários consultados pela Folha são contrários ao projeto. ``Não sou contrário a que se utilizem mais negros, mas sou contra qualquer tentativa de forçar a barra via lei. Os meios de comunicação têm que fazer o que o consumidor pede", diz Frank Pflaumer, da Salles Interamericana. Enio Mainardi acha o projeto de Benedita da Silva ``uma besteira". ``Não sou politicamente correto", confessa. ``A ação afirmativa não deu certo nos Estados Unidos, isso de escolher gente sem qualificação só por causa da raça. Se eu fosse a Benedita, encomendava uma pesquisa que provasse ao mercado que é bom para o produto a presença de negros na propaganda daquele produto; é preciso provar para o mercado que o negro é consumidor; isso é tarefa de todos, mas é principalmente de quem de direito, os negros", diz o publicitário Enio Mainardi. Mudança falsa Na opinião de Washington Olivetto, da W/Brasil, ``Benedita da Silva foi um pouco radical demais até para ganhar poder de negociação. Porque essa mudança de um dia para o outro soaria falsa. Naturalidade é o que mais combate o preconceito". Medidos os prós e os contras, o ideário do empresariado da publicidade brasileira constitui um amontoado confuso de clichês racistas importados dos Estados Unidos. Utilizam-se critérios de avaliação de mercado que não cabem à realidade brasileira. Pode até não estar na mão deles a decisão final de um elenco de negros nos comerciais, mas nasce deles e pertencem a eles os instrumentos capazes de alterar a segregação que caracteriza a propaganda brasileira. Texto Anterior: Como é feito o monitoramento Próximo Texto: Participação de negros ainda é vetada Índice |
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