São Paulo, domingo, 15 de outubro de 1995
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Casos de pneumonia na primavera surpreendem

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Nos últimos 15 dias houve um aumento no número de pessoas que desenvolveram pneumonia -infecção nos pulmões- em São Paulo.
Essa é a impressão de alguns especialistas que trabalham em grandes hospitais e em consultórios particulares da cidade.
O CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) da Secretaria de Estado da Saúde não podia confirmar essa impressão até quarta-feira passada.
A pneumonia não é doença de notificação compulsória. Contactado pela reportagem, o CVE tentava levantar a guia de internação nos hospitais da rede conveniada ao SUS nas últimas semanas para checar essas informações.
O aumento de incidência das doenças respiratórias não é comum nessa época do ano, mas típico dos meses de inverno.
Carmem Silvia Valente Barbas, assistente da pneumologia do Hospital das Clínicas da USP, explica que alguns declínios sucessivos de temperatura verificados nas primeiras semanas da primavera podem ter levado a um maior número de infecções virais (como gripes) e de pneumonias.
A queda nas temperaturas diminui a resistência do organismo contra os vírus e faz com que as pessoas se aglomerem em locais fechados e com pouca ventilação, que facilitam a contaminação.
As infecções por vírus danificam o epitélio respiratório (tecido que reveste o sistema respiratório) e o tornam mais suscetível à ação de bactérias, que podem provocar quadros de amigdalite (infecção de garganta), otite (infecção dos ouvidos), sinusite (infecção dos seios da face) e pneumonia.
Barbas diz que houve uma outra elevação no número de casos de pneumonia há cerca de dois meses, coincidindo com a metade do inverno.
A pneumonia pode pegar muita gente de surpresa. A pessoa que teve uma gripe ou dor de garganta imagina que o mal-estar e a febre persistentes ainda são sinais da doença inicial. O problema é que muitas dessas pessoas podem estar desenvolvendo uma pneumonia, que mais tarde pode se complicar.
Segundo Anna Sara Shafferman Levin, supervisora do grupo de controle de infecção hospitalar do HC-USP, toda gripe ou dor de garganta que se prolonga, deixando a pessoa com febre alta, dor no peito e muita secreção (catarro) deve ser avaliada por um médico.
Só ele tem condições de auscultar (ouvir os ruídos dos pulmões) e checar com um exame de raios X no tórax qual a situação do doente.
Quanto antes a pneumonia for identificada, mais fácil é o tratamento. Uma pessoa com uma pneumonia mais avançada que demora para iniciar o uso de antibióticos pode até morrer por insuficiência respiratória ou por infecção generalizada (sepsis).

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