São Paulo, domingo, 15 de outubro de 1995
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Penicilina não cura todos os tipos da doença

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Muitas pessoas que desenvolvem uma pneumonia estão sendo tratadas de forma incorreta.
Até poucos anos atrás, o antibiótico penicilina e seus derivados eram a primeira opção de tratamento para as pneumonias. A bactéria pneumococo, considerada sensível à ação da penicilina, era a principal causadora da doença.
Hoje, os especialistas estão tentando difundir para a comunidade médica dois novos conceitos.
Em primeiro lugar, a bactéria pneumococo não é mais a principal causadora da doença, respondendo por cerca de 30% dos casos.
Outros 30% são causados por vírus (adenovírus e vírus da influenza) e bactérias ``atípicas" (legionela, micoplasma e clamídia). A penicilina e seus derivados não têm efeito satisfatório nas infecções por esses agentes.
Anna Sara diz que não é possível saber se houve uma mudança no perfil dos agentes causadores das pneumonias ou se os métodos de identificação é que foram se tornando mais específicos.
A legionela é uma bactéria que só foi descrita em 1977, e, até recentemente, acreditava-se que ela ainda não havia chegado ao Brasil. No entanto, novas técnicas de diagnóstico permitiram sua identificação em nosso meio.
O segundo ponto divulgado pelos especialistas é que cerca de 20% das infecções causadas pelo próprio pneumococo não respondem de modo satisfatório ao uso da penicilina e seus derivados. Isso acontece porque uma parte das linhagens dessa bactéria desenvolveu resistência ao antibiótico.
A principal implicação desses fatos é que muitos doentes com pneumonia, que estão recebendo penicilina ou derivados como primeira opção de tratamento, não melhorarão. O ideal seria usar outros tipos de antibióticos mais eficazes contra os agentes que causam hoje as pneumonias.
(JB)

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