São Paulo, domingo, 15 de outubro de 1995
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Futebol no interior é programa de gala

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Até agora, Salvador festeja a passagem da seleção por lá. E não é para menos: afinal, jogo de seleção só virou arroz de festa para paulista, carioca, talvez os mineiros de Belo Horizonte e gaúchos de Porto Alegre.
Aliás, o próprio futebol passa despercebido pelas metrópoles, nestes tempos de excesso de ofertas, sobretudo pela TV.
Claro que o torcedor lê jornais, dá audiência às TVs, discute o jogo da véspera no botequim, no escritório, na fábrica, elege seus ídolos, mete a boca no cabeça-de-bagre de plantão e xinga o técnico que não escalou o time ao gosto da galera. Quer dizer: o futebol não perdeu o encanto, apesar dos campeonatos mal engendrados, da violência das uniformizadas, apenas em estado de suspensão, e dos desconfortos de se ir aos estádios.
Creio que melhor seria dizer que o torcedor dos grandes centros deu um tempo a sua maior paixão, preferindo ficar em casa, curtindo as relíquias desse caso interminável, mas às vezes tempestuoso.
Contudo, onde o futebol dos grandes chegava apenas pelas ondas do rádio e da TV, pelas letrinhas e fotos dos jornais e revistas, se veste de gala para recepcioná-lo, como já acontece neste Brasileiro com o Corinthians em Taubaté e Mogi das Cruzes. E é o que deverá ocorrer nesta tarde com o Palmeiras, que pega o Goiás, em Jundiaí. Jundiaí fica aqui, a um beiço da capital, e, entre tantas glórias ofertadas ao futebol, foi o berço de Romeu Pellicciari, um dos maiores avantes que este país já produziu.
Dele, dizia Elba de Pádua Lima, o Tim: ``Não sei se ele jogava bem. Sei que passava meses sem errar um passe".
Resumindo: Palmeiras e Goiás vão tocar fogo em Jundiaí. No Parque, no Pacaembu ou no Morumbi, seria um joguinho que despertaria, no máximo, o bocejo da galerinha.

Já para o início da noite, reservam-nos um clássico entre dois times de massa: Corinthians e Atlético-MG. Ambos estimulados por vitórias domésticas. O Corinthians bateu a Lusa por 1 a 0, com um golzinho arrancado a fórceps, quando o juiz já se preparava para dar um basta.
Não vi o jogo, mas dizem que o Corinthians reprisou as últimas exibições: um time sem fibra nem imaginação. A única diferença é que venceu.
Quanto ao Atlético, pouco importa como jogou. Basta ver o placar: 2 a 0, sobre seu maior rival, o Cruzeiro, o mesmo que levantou o título do primeiro turno.
Esse é, pois, um jogo para confirmar ou não a virada que as duas torcidas alvinegras estão esperando.
``Sei não...", como diria o mineiro.

Zagallo disse que gostou da participação de Giovanni no jogo de Salvador contra o Uruguai. Mas acrescentou que voltará a chamar Edílson. Tudo bem. Afinal, Edílson está em grande forma. Mas o simples ato de cotejar o potencial de ambos já é um acinte ao futebol. Edílson é um excelente jogador. Giovanni é craque.

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