São Paulo, domingo, 15 de outubro de 1995
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LABIRINTO DE PAIXÕES

FASSBINDER
"Temos em comum o gosto pelos melodramas americanos de Douglas Sirk ou de John Stahl, mas Fassbinder era muito próximo de mim do ponto de vista da idade para que eu pudesse tomá-lo como referência."

O MELODRAMA
"O melodrama me agrada sob todas as formas, mesmo quando ele se chama neo-realismo italiano, que é, para mim, igualmente um melodrama: um melodrama com consciência social, filmado na rua em vez de ser em estúdio."

A MÃE
"O que minha mãe mais gosta de trabalhar no cinema é o fato de a pagarem e, depois, de poder ficar com os vestidos."

O TRABALHO
"Eu, por um filme, sou capaz de fazer coisas e de tomar decisões e de esquecer problemas, o que não poderia fazer quando não estou trabalhando. Mas um filme não resolve nada para você, ainda que te proporcione um prazer enorme. É como cheirar uma carreira de pó, que dá a você uma grande felicidade momentânea, e já é muito."

LA MANCHA
"Os campos de La Mancha me impressionam desde sempre, é uma imensidão de terra vermelha e sem relevo, que se reúne ao céu no horizonte, sem linha de ruptura. É por isso que os artistas de La Mancha são tão imaginativos, pois eles devem inventar figuras para povoar esse espaço vazio."

AS CORES
"É alguma coisa de muito espanhol, mas que não se utiliza muito na Espanha. É também para mim uma resposta ao lugar de onde venho. A cultura espanhola é muito barroca, mas a de La Mancha é, ao contrário, de uma severidade terrível. A vitalidade de minhas cores é uma maneira de lutar contra essa austeridade de minhas origens.
Minha mãe se vestiu de preto durante quase toda a vida. Há pouco tempo que eu a ouvi dizer que ela tinha vontade de vestir roupas de cor. Desde seus três anos ela foi condenada a ficar de luto por diferentes mortos da família.
Minhas cores são como uma resposta natural partida do ventre de minha mãe para que eu me rebelasse contra a austeridade forçada. Com o poder de lutar que a natureza humana possui, minha mãe concebeu uma criança que teria a força para ir contra todo esse negro."

"A LEI DO DESEJO"
"Eu gostaria de me lembrar de `A Lei do Desejo' com mais clareza, pois é um filme-chave na minha carreira e na minha vida. Ele fala de alguma coisa de muito duro e ao mesmo tempo de muito humano, que é minha visão do desejo. Quero dizer: a necessidade absoluta de se sentir desejado e o fato de que, nesse círculo do desejo, é muito raro que dois desejos se encontrem e se correspondam. Essa é uma das maiores tragédias do ser humano."

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