São Paulo, segunda-feira, 16 de outubro de 1995
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Violência entre jovens chega a boates

DA REPORTAGEM LOCAL

As brigas entre jovens, antes frequentes nos estádios de futebol, migraram para bares, boates e danceterias da região dos Jardins (zona oeste de São Paulo).
As desavenças, individuais ou entre turmas, envolvem rapazes das classes média e alta, entre 18 e 25 anos -embora as mulheres não escapem das agressões.
Na madrugada de ontem, Woesley Banzeloski, 19, Fábio Pedro da Silva, 26, Charles de Andrade Barros, 23, e Jeferson Sabino de Oliveira, 20, foram indiciados no 14º DP, em Pinheiros (zona oeste), por terem brigado na rua Pinheiros, após saírem de casas noturnas do local. Dois deles foram parar no hospital das Clínicas, atingidos por pedras.
O Batalhão da PM da região dos Jardins registrou em agosto 12 casos de brigas entre jovens, a maioria em casas noturnas. No mês anterior, foram registradas três ocorrências e em junho, oito casos.
O aumento da violência em casas noturnas foi verificado também em levantamento feito pela Folha nos boletins de ocorrência registrados no 15º DP, no Itaim -delegacia responsável pela área com maior incidência de bares frequentados pelo público de alto poder aquisitivo, principalmente na rua Franz Schubert.
Nessa delegacia, foram registradas em agosto seis ocorrências de agressão em bares e boates -de frequentadores contra frequentadores e seguranças contra usuários.
No mês anterior, a delegacia registrou dois casos. ``Para cada caso que compõe a cifra real (ocorrências registradas) existem cerca de cinco ocorrências que não chegam à delegacia", afirmou o delegado do 15º DP João Lopes Filho.
Segundo a socióloga Maria Stela Santos Graciani, coordenadora do Núcleo de Trabalhos Comunitários da PUC, a violência crescente entre os jovens das classes média e alta é explicada ``pela falta de um projeto de vida".
``A rebeldia dos jovens hoje se transforma em ações altamente violentas", disse Graciani.
Para a psicanalista Fani Hisgail, os seguranças de boates que agridem os frequentadores agem como protetores de uma suposta lei particular. "Eles se confundem com essa lei e a aplicam da forma que lhes convém", afirmou.

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